A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) divulgou na sexta-feira, 16, o resultado da eleição para reitor da instituição. O professor Pasqual Barretti, da Faculdade de Medicina de Botucatu, foi escolhido para dirigir a universidade. A vice-reitora escolhida é a professora Maysa Furlan, do Instituto de Química, em Araraquara.
Com proposta de diversificar os currículos na graduação, tornar a universidade mais sustentável e incentivar o teletrabalho, a chapa foi eleita com 50,64% dos votos e comandará uma das mais importantes universidades do País em um cenário de desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Para Barretti, médico formado pela Faculdade de Medicina de Botucatu, o momento traz dificuldades, mas também evidencia a importância da universidade.
A chapa eleita lidera a lista tríplice que será enviada ao governador João Doria (PSDB), a quem cabe a nomeação de reitores nas universidades estaduais paulistas. O reitor nomeado deverá assumir em janeiro.
“A sociedade enxerga a universidade como único caminho para o enfrentamento da pandemia”, disse ao Estadão. Mais do que antes, diz, a universidade tem respaldo da comunidade. Ele destacou pesquisas e projetos de extensão, como uma parceria da Unesp com o Sistema Único de Saúde (SUS) em Botucatu, realizados no contexto da maior crise sanitária dos últimos tempos.
Segundo o reitor eleito, será preciso aprofundar ainda mais a conexão da universidade com as demandas da sociedade. “Temos um grande espaço para que a Unesp possa interagir com o setor produtivo e não só ele, mas também a inovação social, que leva soluções para a população, muitas vezes onde o Estado não consegue resolver. A universidade definitivamente tem de estar inserida na sociedade.”
Outra meta é tornar os currículos dos cursos de graduação mais atraentes e flexíveis e evitar a evasão de alunos. Hoje, a universidade tem 37 mil estudantes de graduação.
Com a pandemia, a instituição adotou um modelo de ensino remoto emergencial, que o reitor eleito não considera “ideal”. Mas um eventual retorno dos alunos às atividades presenciais ainda terá de ser avaliado com rigor científico. “O retorno à normalidade precitado apenas prolonga esse período. Já poderíamos estar no Brasil em uma situação muito melhor, se não fosse o negacionismo.
Não podemos expor nossos estudantes e servidores a nenhum tipo de risco pela aceleração de qualquer processo”, afirma. Centros de monitoramento da covid-19 devem ser fortalecidos na Unesp para acompanhar a evolução da pandemia e pautar as decisões sobre retomada nas 34 unidades da instituição, espalhadas em 24 cidades paulistas.
Outro desafio para a nova gestão será o de continuar produzindo em um cenário de restrição econômica. As receitas das universidades estaduais paulistas vêm da arrecadação do ICMS, que deve sofrer redução. “Nós, reitores das estaduais paulistas, precisamos iniciar uma negociação com o governo para que se vá aos poucos desonerando a universidade.”
Como o Estadão mostrou em junho, as previsões do governo de São Paulo indicavam que as três universidades públicas paulistas (Unesp, USP e Unicamp) perderiam pelo menos R$ 1,2 bilhão este ano por causa da pandemia de coronavírus, o que representa 11% a menos no orçamento. As três instituições enfrentaram a maior crise financeira da história há cerca de três anos e só agora conseguiam relativo alívio nas contas.
Medidas internas, como a adoção de teletrabalho para parte dos servidores, uma das estratégias adotadas na pandemia, podem permanecer e contribuir para melhorar a gestão dos recursos na Unesp. Até então, a universidade custeava o deslocamento de funcionários de cidades do interior para a reitoria, no centro da capital. “Não consigo ver a necessidade de tanta gente no prédio da reitoria. O teletrabalho melhora a qualidade de vida, a satisfação no trabalho, diminui o estresse e, com certeza, traz também redução de custos.”
Barretti também vê a necessidade de que a universidade tenha outras fontes de verbas. “Temos de ser ágeis na captação de recursos, em editais, em outras formas de ingresso de recursos, muitas vezes públicos, para que a universidade possa fazer frente a determinados desafios que hoje seriam muito difíceis de serem feitos com base em investimentos a partir do orçamento do Estado.”
Sustentabilidade
Para os próximos anos, o dirigente também pretende ainda colocar em curso ações para tornar a universidade mais sustentável. “Precisamos criar uma cultura de sustentabilidade, fazendo com que isso permeie o currículo, programas de pós.” A nova gestão pretende criar um prêmio, voltado para servidores e alunos que incorporem práticas sustentáveis em suas atividades na instituição.
Aumentar áreas verdes, reduzir espaços com asfalto e cimento e incentivar programas de coleta seletiva nos câmpus também estão entre as metas, além da realização de obras com parceiros comprometidos com o meio ambiente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Júlia Marques
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