O senador Oriovisto Guimarães (Pode-PR), membro da Comissão Mista da Reforma Tributária, admitiu nesta quinta-feira que está preocupado com o andamento das propostas no Parlamento. Para ele, sobram “boas intenções” e “lugares comuns” no debate tributário, mas faltou competência na elaboração dos projetos. Por isso, ele não acredita na aprovação do texto nos próximos meses.
“O ministro Paulo Guedes manda as propostas fatiadas como se escrevesse um livro, e a gente nunca sabe quando sairá o próximo capítulo. É difícil para os parlamentares saberem o que pensa o Ministério da Economia e o governo Bolsonaro sobre a reforma tributária”, afirmou, na videoconferência “Tributação sobre o consumo: a visão dos setores produtivos”, promovida pela Febraban. “É injustificável que a equipe econômica não tenha apresentado uma proposta inteira”, completou.
Já presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), disse que a reforma tributária pode sim ser votada ainda em 2020 pelo Congresso Nacional. “O que nos desune na reforma tributária é infinitamente menor do que o consenso que temos sobre ela. Vamos trabalhar sobre o que temos dúvida”, defendeu.
Para o deputado, o maior problema da reforma tributária hoje seria a desinformação. “Há muito medo sobre o desconhecido. Quem conhecer a proposta da reforma, imediatamente se une a ela e busca alternativas para aprová-la o mais rápido possível”, completou.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, foi além e defendeu que a reforma administrativa também seja votada junto com a tributária. “Se a reforma administrativa abrir espaço fiscal para atender demandas dentro da reforma tributária, a aprovação de ambas seria mais rápida”, avaliou.
Martins ressaltou a importância de se desonerar a folha de pagamentos e de se reduzir as chamadas obrigações acessórias que levam a uma grande judicialização. “Há muita desindustrialização no Brasil, é preciso uma política tributária que estimule a integração de valor dentro do próprio País”, acrescentou.
Por Eduardo Rodrigues
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