A crise econômica provocada pelo novo coronavírus fez as famílias brasileiras aumentarem a procura por crédito para reorganizar dívidas bancárias já em andamento. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostram que em 2020, até o mês de agosto, as concessões de crédito da modalidade “composição de dívidas” dobraram em relação ao mesmo período do ano passado (alta de 100,9%). No período, os bancos concederam R$ 46,646 bilhões por meio da composição.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explica que a composição de dívidas ocorre quando o cliente do banco, que possui dívidas de crédito em várias modalidades, procura a instituição financeira para reorganizar as obrigações em uma única operação. Se existem dívidas no cartão de crédito, no cheque especial e no crédito consignado, por exemplo, elas podem ser consolidadas numa única operação, com taxa específica. É como trocar várias dívidas por uma única.
“O cliente faz um pacote só, renegocia com o banco”, resume Rocha. “Essa composição é sempre oriunda de mais de uma modalidade. São várias modalidades de crédito ao mesmo tempo”, acrescenta.
Os números do BC indicam que, com a crise, as famílias se movimentaram para renegociar as dívidas. Em fevereiro – antes da intensificação da pandemia -, as concessões via composição de dívidas somaram R$ 3,053 bilhões entre as pessoas físicas. Em maio, auge da pressão, esta cifra atingiu o pico de R$ 9,335 bilhões (três vezes o valor de fevereiro).
De julho para agosto, houve queda de 16,8% nas concessões em recomposição de dívidas. Ainda assim, o montante do mês passado, de R$ 4,128 bilhões, está acima do verificado mensalmente antes da pandemia, o que sugere continuidade do movimento de reorganização de dívidas bancárias por parte das famílias.
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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