O Grupo Ser Educacional (SEER3), um dos maiores grupos de educação superior do país anunciou na noite de domingo (13), em fato relevante, que avançou nas negociações para aquisição dos ativos do Grupo Laureate no Brasil.
A transação, avaliada em cerca de R$ 4 bilhões, sendo: R$ 1,7 bilhões em dinheiro, incorporação de R$ 623,3 milhões de dívida líquida no balanço (não representa saída de caixa) e o restante via ações da Ser Educacional (SEER3), com emissão de novas ações. Devido a emissão o controlador e fundador da empresa, Janguiê Diniz, será diluído de 57,4% para 32,1%, com a Laureate detendo 44% das ações ordinárias.
A aquisição inclui as universidades Anhembi Morumbi, conhecida pela boa avaliação em cursos como gastronomia, medicina e desenvolvimento de jogos eletrônicos, e a FMU, duas universidades entre as mais populares de São Paulo, marcando a possível entrada forte da Ser Educacional na região com a maior economia no país. O movimento ainda necessita de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para seguir.
Para a conclusão da aquisição a Ser Educacional deve financiar a parcela do pagamento em dinheiro, aumentando a sua alavancagem financeira (captando dívida) de 0,2 vezes para cerca de 2,95 vezes dívida líquida/Ebitda.
Analistas estimam que múltiplo pago em termos de EV/Ebitda ficou por volta de 10 vezes, um pouco acima do que a empresa negociava no ano passado, antes da pandemia e quase o dobro do negociado hoje. A aquisição mais que dobrará o tamanho da empresa, passando a ter mais de 455 mil alunos em sua base.
Com a pandemia as ações da Ser Educacional (SEER3) acumulam queda de 46,5% no ano e a empresa vale atualmente aproximadamente R$ 1,9 bilhão na bolsa.
Apesar do tamanho da transação e múltiplos elevados, enxergamos uma reação positiva das ações (SEER3) no curto prazo, pelos seguintes motivos:
i) A Ser possui uma estrutura mais enxuta que os pares de capital aberto no mercado, com posição forte e base crescente de alunos no Ensino à Distância (EAD);
ii) Os ativos incluem cursos como Medicina, com ticket médio mais elevado, fortes nas duas principais universidades dentro dos ativos da Laureate, Anhembi Morumbi e FMU, ampliando a base de alunos na categoria de Saúde, que já representa 52% da base da Ser;
iii) A entrada em São Paulo, o maior mercado educacional do país, que deve ter uma recuperação econômica mais acelerada que outras regiões;
iv) O Ebitda, uma métrica para a geração de caixa da empresa, também mais que dobrará, passando de aproximadamente R$ 300 a R$ 350 milhões para cerca de R$ 800 milhões por ano.
Um ponto importante e positivo da transação é que, mesmo com o Grupo Laureate detendo cerca de 44% do total das ações, o contrato prevê que o poder de voto será limitado a 7,5% do capital total, com a continuidade do controle do fundador Janguiê Diniz. O negócio prevê também uma listagem da Ser na bolsa americana, ainda a ser definida, de modo que a Laureate possa negociar gradualmente e desinvestir da Ser Educacional.
Be First to Comment