Após 12 dias internada e sem poder receber familiares, a aposentada Guiomar Sargo de Lima, de 83 anos, se tornou a última paciente de covid-19 a receber alta e deixar o hospital de campanha do Anhembi, na zona norte de São Paulo. Construída em caráter de urgência pela Prefeitura, a unidade fechou as portas nesta terça-feira, após quase cinco meses.
Durante a pandemia, a capital paulista chegou a ter quatro hospitais de campanha, mas agora só dois continuam funcionando, ambos do governo do Estado, e tratam de menos de 150 pacientes no momento. Um deles, em Heliópolis, na zona sul, também deve fechar.
Mais de 5,5 mil pessoas chegaram a ficar internadas nos hospitais de campanha da cidade. A queda na demanda, entretanto, é o argumento da Prefeitura e do Estado para encerrar as atividades nesses locais.
Filho de Guiomar, o contador Cláudio Roberto Sargo de Lima, de 59 anos, mora na zona leste e relata que o equipamento foi importante para que a mãe recebesse tratamento adequado. “Aqui na região, não ia ter outro lugar para internar.”
Segundo Lima, a idosa começou a sentir falta de ar em meados de agosto e confirmou a infecção por exame, após idas e vindas a hospitais do bairro. Com a taxa de saturação oscilando abaixo dos 90%, a idosa foi transferida para o Anhembi e precisou fazer uso de máscara de oxigênio na unidade, mas não chegou a ser entubada.
“Ela ficou mal nos primeiros dias, era nítido que estava com falta de ar e muita dor. Naquele momento, tive muito medo. Com o tempo, foi recuperando a firmeza na voz e conversava com mais ânimo, e aí foi dando um alívio”, conta. “É uma alegria incontida poder ter minha mãe de volta em casa.”
Vetada de receber visitas durante a internação, Guiomar continuou conversando com os parentes por meio de videochamadas, feitas com celulares emprestados por enfermeiras. “O pessoal é muito atencioso, realmente entendeu também o lado do parente: a gente fica angustiado sem poder ver”, afirmou o contador.
O hospital do Anhembi começou a acolher pacientes no dia 11 de abril. No auge da doença, chegou a ter 1,5 mil funcionários e 871 leitos ativos. O fim da operação do equipamento emergencial havia sido anunciado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) na semana passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Felipe Resk e Daniel Teixeira
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