Após o superávit de US$ 2,235 bilhões em junho, o resultado das transações correntes ficou novamente positivo em julho deste ano, em US$ 1,628 bilhão, informou nesta terça-feira, 25, o Banco Central. Este é o melhor resultado para meses de julho desde 2006, quando houve superávit de US$ 3,007 bilhões.
Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que a partir de março se intensificou no Brasil, reduzindo o volume de importações de produtos. A autarquia projetava para o mês passado superávit de US$ 500 milhões na conta corrente.
O número de julho veio dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 1,58 bilhão a superávit de US$ 2,70 bilhões, e muito melhor que a mediana positiva de US$ 700 milhões.
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 7,383 bilhões em julho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,819 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 4,148 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 1,293 bilhão.
Acumulados
No acumulado do ano até julho, o rombo nas contas externas soma US$ 11,798 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit em conta corrente de US$ 13,9 bilhões em 2020. Esta estimativa foi divulgada no fim de junho, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Nos 12 meses até julho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 31,737 bilhões, o que representa 2,00% do Produto Interno Bruto (PIB). Este é o menor porcentual desde outubro de 2018 (1,98%).
Lucros e dividendos
A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 669 milhões em julho, informou o Banco Central. A saída líquida representa um volume inferior aos US$ 3,016 bilhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.
No acumulado do ano até julho, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 13,195 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 some US$ 13,2 bilhões.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 3,484 bilhões em julho, ante US$ 5,167 bilhões em igual mês do ano passado.
No acumulado do ano até julho, essas despesas alcançaram US$ 14,153 bilhões.
Viagens internacionais
Sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 127 milhões em julho, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em julho de 2019, o déficit nessa conta foi de US$ 1,300 bilhão.
Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram 90,23% em julho deste ano. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países. No dia 24 de maio, os Estados Unidos anunciaram a proibição de entrada de viajantes estrangeiros provenientes do Brasil.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 267 milhões – queda de 85,93% em relação a julho de 2019. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 140 milhões no mês passado, o que representa um recuo de 76,59%.
No ano até julho, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,769 bilhão.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em julho é de US$ 309,001 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2019 terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 237,076 bilhões em julho, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 71,925 bilhões no fim do mês passado.
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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