Os juros futuros fecharam o dia com avanço firme, iniciado a partir da última hora da sessão regular e pouco antes da divulgação da ata do Federal Reserve, às 15 horas (de Brasília), o destaque da agenda da quarta-feira. Até então, oscilaram na maior parte do dia sem tendência clara, com viés de queda pela manhã e de alta no começo da tarde.
O aumento da pressão nos juros na reta final veio principalmente do câmbio, ainda que a percepção seja a de que a curva hoje não inclinou tanto se considerado o comportamento do dólar, que chegou a R$ 5,53, e de fatores técnicos relacionados ao leilão de títulos prefixados amanhã. Nesse contexto, as taxas acabaram devolvendo parte da queda vista na sessão anterior. A leitura da ata pesou contra ativos de risco, como ações e moedas de economias emergentes, atingindo indiretamente a curva local.
A taxa do DI para janeiro de 2022 subiu de 2,692% para 2,78% e a do DI para janeiro de 2023, de 3,883% para 4,00%, tendo ambas fechado nas máximas do dia. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,83%, de 5,684% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,85%, ante 6,703% na terça.
Os trechos que mais avançaram foram o miolo da curva e a ponta longa, mais sensíveis respectivamente ao leilão de amanhã e ao cenário externo. Tem sido recorrente, desde que o Tesouro passou a ofertar grandes lotes de Letras do Tesouro Nacional (LTN) em julho, ver o mercado mais pressionado nas tardes de quarta-feira, em função da montagem de posições estratégicas para a oferta primária. Não por acaso a taxa que mais subiu nesta quarta foi a do DI para janeiro de 2024 (15 pontos), o vértice que mais concentra o risco do leilão.
Num primeiro momento, a curva resistiu bem à virada do dólar para o terreno positivo, mas depois sucumbiu na medida em que a moeda alçava os R$ 5,53, o que levou o Banco Central a anunciar um leilão de contratos de swap. De todo modo, no fim das contas, a avaliação foi de que a moeda “andou bem mais” do que o DI, diante da pressão vinda do exterior.
Nas mesas de renda fixa, profissionais lembram que com a expressiva queda nas taxas na terça o mercado tinha espaço para realizar e a piora do câmbio acabou sendo um fator a estimular esse movimento. Além disso, ainda que o desembarque de Paulo Guedes do governo por ora tenha sido descartado, sobram ainda muitas incertezas no cenário fiscal que desestimulam grande exposição ao risco.
“A redução do risco de mudança iminente no comando da economia contribui com certo alívio, mas a magnitude do desafio fiscal à frente não autoriza otimismo”, avalia o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada.
Por Denise Abarca
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