O anúncio de compra da Linx pela empresa de meios de pagamento Stone, por R$ 6 bilhões, é um sinal da nova onda de movimentação no setor de pagamentos no Brasil, dentro de um cenário de crescente competição apelidado de “guerra das maquininhas”. Como pano de fundo deste processo estão o Pix e o open banking, iniciativas na direção de abertura de mercado financeiro implementadas pelo Banco Central.
Com receitas combinadas de R$ 3,6 bilhões, a fusão da Stone com a Linx cria oportunidade de gerar pagamentos no volume bruto de R$ 300 bilhões, de acordo com apresentação feita ao mercado pela empresa.
Para fazer frente à operação, a Stone fará na bolsa de tecnologia Nasdaq, onde é listada, uma oferta de ações de cerca de US$ 1 bilhão, que deverá ser suficiente, por causa da taxa de câmbio, para pagar a transação, que será 90% em dinheiro e 10% em ações do novo negócio. O acordo depende de aprovação de órgãos reguladores e dos acionistas da Linx.
O que a Stone tem em mente, com a aquisição, é promover inovação em soluções para varejistas digitais, que poderão melhorar a experiência de pagamentos de seus clientes e também oferecer serviços bancários com sua marca. A Stone terceirizaria esse serviço ao varejo, evitando que as empresas tenham de montar uma estrutura própria.
“Esse movimento coloca bastante pressão na concorrência, particularmente nas companhias de capital aberto, que serão cobradas a apresentar saídas mais claras para esse novo cenário competitivo”, diz Bruno Diniz, líder na América Latina da Financial Data and Technology Association (FDATA).
Segundo o presidente da Stone, Thiago Piau, o acordo com a Linx é uma oportunidade para a empresa criar soluções inovadoras para o e-commerce. Para ele, a aquisição acelera projetos da companhia. Essa oferta a varejistas deverá dar resultados financeiros à Stone dentro de dois anos, segundo o executivo.
Nova era
A avaliação de especialistas é de que a captação de pagamentos em maquininhas não apresenta mais diferencial. Ao buscar novos negócios, a Stone saiu na frente da concorrência. “Essa aquisição é mais um importante passo da Stone na criação de um ecossistema de soluções para as pequenas e médias empresas”, disse Diniz.
Em relatório, o Credit Suisse disse que a fusão de Stone e Linx une “o melhor de dois mundos. “A Stone tem o melhor serviço/produto e é o melhor executor no setor de meios de pagamento, enquanto a Linx é a principal provedora de softwares de gestão para o varejo com soluções de primeira qualidade para varejistas físicos e online de médio e grande portes”, disseram, em relatório, os analistas Daniel Federle e Felipe Cheng.
Especialista em meios de pagamento, Edson Santos explica que o mercado está passando por mudanças. Para ele, a guerra brutal das maquininhas em andamento será vencida pelo concorrente que conseguir atender a um número maior de demandas dos clientes.
No caso da Stone, o movimento é claro de união de tecnologia ao mundo do meio de pagamento. Apenas no primeiro trimestre, a Stone fez investimentos na startup Vitta, de planos de saúde; na mLabs, de gerenciamento de redes sociais; na Delivery Much, de entrega de comida; e na MVarandas, que desenvolve tecnologia para o mercado de restaurantes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fernanda Guimarães e Cynthia Decloedt
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