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Ata do Copom: BC confirma que pode baixar ainda mais os juros

(Divulgação/Flickr)

O Banco Central (BC) divulgou na manhã desta terça-feira (11) a ata da 232ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 4 e 5 de agosto. Relembrando: naquela reunião, o Copom reduziu a taxa referencial Selic para 2% ao ano, como era esperado. No entanto, ao divulgar o comunicado, o BC deixou aberta a porta para novos cortes nos juros, o que confundiu as expectativas dos agentes econômicos sobre a trajetória futura da Selic. Com a divulgação da Ata, o Copom esclareceu o que quis dizer. E, em um comunicado bem mais assertivo do que o habitual, o Comitê informa, com todas as letras, que a Selic pode, sim, cair mais. Os juros não chegam a zero, mas podem recuar se a economia não der sinais mais evidentes de que está em recuperação. O que não deve acontecer.

Nos parágrafos 11 e 12 da Ata, o Copom avalia que a recuperação das economias internacionais se mostra “incompleta”. Para o Comitê, no Exterior, “a forte retomada no consumo de bens não é acompanhada no setor de serviços”, e há riscos de uma segunda onda da pandemia. O impacto sobre a economia brasileira é inevitável. “Os dados recentes sugerem uma recuperação parcial da atividade econômica”, mas “várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas.” A conclusão sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é lógica. “Esta imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual da economia.”

O Copom confirmou o que deixou implícito no Comunicado de 5 de agosto: a economia brasileira está muito fraca, e não é possível descartar novas quedas das taxas de juros apesar de todos estarem convencidos que 2% era o piso da Selic. O parágrafo 14 é claríssimo. “E em linha com seu mandato de metas, o Comitê concluiu que seria apropriado aumentar residualmente o grau de estímulo monetário.”

Essa não foi a única novidade da Ata. O Copom vai passar a usar uma “prescrição futura”, conhecida pelo termo em inglês “forward guidance”, para indicar a trajetória futura da política monetária. Assim como a maioria das companhias abertas divulga seu “guidance” para resultados nos trimestres futuros, o Copom passará a divulgar essa prescrição para “transmitir a visão do Comitê sobre suas ações futuras” e “ajustar as expectativas expressadas na parte intermediária da curva de juros”. Ou seja, para reduzir a volatilidade dos juros longos, tornando as taxas mais previsíveis no longo prazo e facilitando a concessão de empréstimos de prazos mais longos.

A prescrição futura vai acompanhar três variáveis. A primeira são as expectativas de inflação de curto prazo (no caso, para o ano-calendário de 2021 e, em menor escala, para 2022), que já são seguidas de perto pelo Copom. A partir de agora, o Comitê também vai observar a manutenção do regime fiscal. “Sua ruptura implicaria alterações significativas para a taxa de juros estrutural da economia”. E também as expectativas de inflação de longo prazo. Com isso, a expectativa do Copom é reduzir a volatilidade dos juros e a incerteza sobre a política monetária em um prazo mais longo.

Internacional

Os pregões estão em alta na manhã desta terça-feira, devido a notícias de que o presidente americano Donald Trump pode reduzir o imposto sobre ganhos de capital dos investidores, e também por informações de que o número de internações pela Covid-19 encolheu nos Estados Unidos. Além disso, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou durante uma reunião de ministros que a Rússia será o primeiro país a aprovar uma vacina contra o coronavírus. Putin disse que sua filha já foi vacinada e que a vacinação em massa começará em breve. A notícia deve ser vista com ceticismo devido à habitual falta de transparência das decisões na Rússia.

Os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 estão em alta, assim como os principais pregões na Europa. O principal vetor de alta são as notícias nos Estados Unidos, apesar de as mudanças na política do Copom também terem um efeito positivo em um prazo mais longo.

 

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