A Multiplan (MULT3) divulgou nesta quinta-feira (6), após o fechamento dos mercados, seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2020. Os números foram bastante afetados pela pandemia e a queda nos seus principais indicadores operacionais foi muito expressiva: redução de 85% nas vendas dos lojistas.
A companhia manteve a mesma estratégia do primeiro trimestre, ou seja, reduziu o aluguel cobrado de seus lojistas entre os meses de abril a junho sem necessidade desse desconto ser pago em parcelas mais à frente.
Devido aos efeitos da pandemia a empresa resolveu não divulgar os números de vendas no conceito mesmas lojas e nem de aluguel nas mesmas lojas.
As vendas dos lojistas dos shoppings corresponderam apenas 15,3% das vendas do segundo trimestre de 2019 e os shopping ficaram abertos, em média, apenas 8,4% do total de horas disponíveis para sua operação.
O destaque negativo foram as provisões para devedores duvidosos (PDD) que somaram cerca de R$ milhões.
O destaque positivo foi a queda de 67,7% na linha de despesas de sede no trimestre, totalizando R$ 28 milhões. O resultado, contudo, não foi capaz de reverter as perdas nas principais linhas.
O Ebitda, por consequência, totalizou R$ 180,8 milhões, uma queda de 15,6% na comparação anual. Da mesma forma seu lucro líquido, que fechou o trimestre em R$ 70,8 milhões, queda de 27,5%.
Os números apresentados pela Multiplan foram muito afetados pela quarentena da Covid-19, mas vieram melhor do que o esperado.
Desde que sua concorrente Iguatemi (IGTA3) divulgou seus números mostrando que os impactos não seriam tão negativos quanto às expectativas, as ações da Multiplan (MULT3) subiram com bastante força acumulando alta de 16,3% em dois dias.
Essa alta recente limita o impacto positivo no preço das ações da Multiplan, mas esperamos que as ações (MULT3) tenham desempenho superior ao Ibovespa no pregão desta sexta-feira (7).
No ano as ações da Multiplan (MULT3) seguem pressionadas e registram forte queda de 28,7%, desvalorização maior do que o recuo de 9,96% no Ibovespa. O mercado segue cético com as companhias de shopping centers no Brasil, um dos setores mais afetados pelo cenário de pandemia
Desconsiderando o efeito da linearização dos aluguéis, a receita líquida teria sido de R$ 85,65 milhões, queda de 73% na comparação com o 2T19, enquanto o Ebitda seria de R$ 9,37 milhões e queda de 95%. Já o lucro de R$ 70 milhões obtidos no 2T19 seria revertido para um prejuízo de R$ 42 milhões.
O lucro líquido ajustado por itens que não afetam o caixa (FFO) foi de R$ 15,9 milhões, 90,1% a menos que no resultado apresentado no mesmo período do último ano.
Os resultados foram fortemente impactados pelo fechamento das suas unidades durante todo mês de abril e boa parte de maio e junho. A volta das atividades vem sendo gradual e lenta, com inúmeras restrições e baixa confiança e aderência do consumidor.
A companhia reduziu a cobrança de aluguel de abril até junho, através de análises individuais para cada lojista. Também foram concedidos descontos nos fundos de promoção e nas taxas de condomínio como forma de apoiar o fluxo de caixa dos parceiros.
A inadimplência aumentou para 16,3% no trimestre, esse aumento já era esperado. Além disso a companhia divulgou que aumentou o provisionamento de recursos para enfrentar possíveis impactos mais para frente. Estimamos um montante de cerca de R$ 8 milhões de provisões para devedores duvidosos (PDD).
A companhia fechou o trimestre com caixa de R$ 1,1 bilhão, com nível de endividamento medido pela relação dívida líquida/Ebitda de 2,71 vezes. Os vencimentos de dívida no curto prazo (12 meses) somam R$ 521 milhões.
No mês de julho a empresa reforçou o seu caixa, foram captadas 400 milhões em emissões de debêntures, foram duas emissões com prazo entre 3 e 5 anos e remuneração de CDI+3% ao ano, além disso finalizou a venda de duas torres corporativas localizadas perto do Shopping Morumbi por R$ 810 milhões.
Os principais catalisadores das ações MULT3 e do setor de shopping centers são: duração da quarentena nos grandes centros, bem como o ritmo de recuperação na confiança do consumidor e nas vendas do varejo físico.
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