A SulAmérica (SULA11) apresentou nesta quarta-feira (5) após o fechamento dos mercados o seu resultado referente ao segundo trimestre de 2020. Os números vieram bons, com uma receita em linha com as expectativas e lucro líquido acima do esperado.
Os principais destaques positivos foram: 1) a queda no índice de sinistralidade, que mede a relação entre os gastos associados aos planos dos beneficiários pelos prêmios pagos, que saiu dos 81,8% no 2T19 para 69,5% no 2T20.
Esta redução impulsionou a linha de lucro líquido, que fechou o período em R$ 398,7 milhões, um aumento de 83,4% na comparação anual (desconsiderando o resultado obtido pelo segmento de automóveis, já vendido para a Allianz).
Outro destaque foi 2) melhora na rentabilidade do portfólio próprio, que se recuperou do resultado ruim no 1T20 (quando o desempenho foi de 47,5%) e registrou desempenho de 143,7% do CDI neste trimestre.
Já o destaque negativo foi o desempenho do segmento de pessoas (seguros de vida, acidentes pessoas e previdência), cuja receita registrou queda de 10% na comparação anual. Contudo, como ele representa menos de 6% da receita total e o segmento de saúde teve bom desempenho, a redução não foi capaz de levar a uma queda da receita total na comparação anual, cujo total foi de R$ 4,8 bilhões com crescimento de 5,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Aqui mais uma vez está sendo desconsiderado o seguro de automóveis, já vendido pela companhia.
O resultado da SulAmérica foi bom e acima do esperado. Assim, espera-se impacto positivo no preço das ações (SULA11) no curto prazo.
No ano as ações do tipo unit da SulAmérica recuam 13,7%, desempenho levemente inferior ao do Ibovespa, que tem perdas de 11,1% em 2020.
Contra intuitivamente, o cenário pandêmico levou a uma melhora em algumas linhas do seu resultado, principalmente na parte de sinistralidades devido à redução nas frequências de procedimentos eletivos (principalmente consultas, exames e internações, cirurgias), que mais que compensaram as despesas relacionadas ao diagnóstico e tratamento dos seus beneficiários infectados pela Covid-19.
Na avaliação de analistas, a baixa sinistralidade neste trimestre foi algo extraordinário e não pode ser considerada como algo recorrente. Ainda sobre este assunto, a SulAmérica esclareceu dois pontos no seu release de resultados: 1) pode haver um aumento da sinistralidade acima da média nos próximos trimestres, pois diversos procedimentos foram adiados por conta da pandemia e que ainda é difícil estimar a percentual de gastos que de fato não ocorrerão e 2) ela já vem notando um aumento gradual na frequência dos procedimentos eletivos desde abril, quando foi registrado o pico de isolamento no Brasil.
Do ponto de vista qualitativo, algumas iniciativas também chamaram a atenção, com especial destaque para o uso das ferramentas digitais no acesso à saúde, com consultas médicas emergenciais via telemedicina e até mesmo em outras áreas da saúde, como a psicologia e a nutrição.
A companhia fechou o 2T20 com um ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) dos últimos 12 meses de 17,9%, 2,6 pontos percentuais a mais que no 1T20.
Nos próximos meses a companhia espera pelo aumento nas suas disponibilidades de R$ 2,1 bilhões decorrentes da venda do segmento de automóveis para a Allianz. Os recursos serão utilizados para o pagamento da aquisição da Paraná Clínicas, na recompra de ações, pagamento das debêntures com vencimento em dez/20, aumento das reservas para futuras aquisições e o pagamento de dividendos.
Para analistas, o catalisador das ações da SulAmérica é o pagamento de dividendos extraordinários no segundo semestre deste ano com o recebimento dos recursos da venda de suas operações de seguros de automóvel e de ramos elementares para a Allianz.
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