O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou o resultado do 2T20 nesta segunda-feira (3), após o fechamento do mercado. Os resultados vieram em linha com expectativas. O lucro gerencial foi de R$ 4,205 bilhões no trimestre, confirmando os prognósticos. O retorno sobre o capital próprio (ROE) foi de 13,5% no trimestre, uma forte redução em relação ao ROE de 23,5% no trimestre anterior.
O destaque positivo foi a redução significativa da Provisão para Devedores Duvidosos em relação ao trimestre anterior, apesar da alta no número em relação ao ano passado e do controle das despesas operacionais.
A carteira de crédito teve forte expansão de 20,3% em relação ao ano anterior, beneficiada pelo crescimento da participação de grandes empresas na carteira, atingindo o total de R$ 811,3 bilhões.
No lado negativo houve queda de 10,5% na receita de tarifas no trimestre, ficando estável no semestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
A inadimplência acima de 90 dias foi de 2,7%, uma queda de 0,4 pontos percentuais tanto na comparação trimestral.
De forma geral, o resultado do Itaú (ITUB4) veio alinhado às expectativas do mercado, com receitas ligeiramente menores compensadas por um controle de despesas.
As ações (ITUB4) apresentam desempenho bastante negativo em 2020: queda de 23,89%, comparado à queda de 11,08% do Ibovespa no período.
Acreditamos que o resultado mais negativo do segundo trimestre já está precificado e que o pior deve ter ficado para trás em termos de provisões para perdas com crédito, o que limita o impacto negativo no preço das ações do Itaú no curto prazo.
É importante ressaltar a atitude conservadora do banco de continuar realizando provisões. Apesar da queda no lucro, o Itaú agora possui um colchão de proteção de bilhões de reais para enfrentar um possível cenário econômico adverso.
O Itaú registrou R$ 7,56 bilhões em despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) para se proteger do impacto do coronavírus sobre clientes, alta de 71,6% frente igual período de 2019. O número, entretanto, é quase 30% menor do que foi provisionado no primeiro trimestre, os modelos de risco do banco reforçam que o pior parece ter passado.
A mudança do perfil da carteira de crédito também pode ser considerada como medida protetiva pelo aumento de empréstimos para grandes empresas, com a inadimplência acima de 90 dias melhorando 0,4 pontos percentuais no trimestre para 2,7%.
Ainda no lado positivo, houve queda anual de 2,2% nas despesas operacionais que totalizaram R$ 12,1 bilhões no trimestre.
Apesar do aumento da carteira de crédito tivemos uma redução na margem financeira com clientes, 5% contra o trimestre anterior, devido à mudança do perfil de crédito, que migrou para uma maior participação de pessoas jurídicas (menor spread) e uma piora no mix de produtos oferecidos para pessoas físicas, com redução da participação do cartão de crédito.
E, por último, a menor remuneração do capital de giro proprietário, devido à redução da Selic, também influencia negativamente o resultado.
Na margem financeira com o mercado, as operações que envolvem a tesouraria proprietária foram positivas com um aumento de 72% em relação ao trimestre anterior.
As receitas de serviços do banco recuaram 10,5% para R$ 9,9 bilhões, afetadas pelo desempenho mais fraco de seu braço de adquirência (Rede), serviços de conta corrente e administração de recursos.
Olhando para a frente, os principais riscos para os grandes bancos são: i) aumento da concorrência; ii) novo sistema de pagamentos (PIX) e; iii) possível aumento de impostos a ser discutido no Congresso Nacional.
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