Com boa interlocução na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o vice-governador Cláudio Castro (PSC), se equilibra entre a lealdade a Wilson Witzel (PSC) e as articulações na Casa para a formação de um possível novo governo, que comandaria caso o chefe do Executivo seja afastado.
Na nova gestão, cinco das possíveis 12 secretarias seriam ocupadas por políticos ligados à Alerj. Nesse grupo, haveria lugar até para dois indicados pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ele é investigado sob suspeita de, quando deputado, se beneficiar do suposto esquema de “rachadinha” (apropriação dos salários de assessores). Os desvios seriam operados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.
Em 2018, o apoio do então candidato a senador foi decisivo para que Witzel fosse eleito. Agora, a família Bolsonaro vê em Castro a esperança de influenciar no Palácio Guanabara. A possibilidade é avaliada positivamente até por políticos que não são bolsonaristas. Eles acham que os secretários ligados a Flávio poderiam levar à volta do diálogo entre o Estado e o Planalto. As conversas foram interrompidas depois que o presidente Jair Bolsonaro e Witzel se desentenderam, em setembro. O motivo foi a anunciada intenção de Witzel concorrer à Presidência.
Apesar de se preparar para a hipótese de assumir o Estado, Castro não é tido como um conspirador. Foi o vice, por exemplo, que convenceu o ex-deputado federal André Moura (PSC) a voltar para a Casa Civil do governo, da qual ele havia sido exonerado em maio. O retorno foi essencial para melhorar o relacionamento entre Executivo e Legislativo. Mas deputados avaliam que não é o suficiente para impedir o impeachment de Witzel.
Castro conversa frequentemente com os deputados estaduais. É querido na Assembleia, diferentemente de Witzel, visto na Casa como arrogante e de diálogo difícil. Enquanto conversa sobre o possível novo governo, Castro enfrenta a ameaça de dossiês que estariam sendo preparados contra ele por aliados de Witzel. O vice tem sob sua alçada a Fundação Leão XIII, órgão de assistência social do Executivo fluminense. A entidade já foi alvo de investigações sobre corrupção recentemente.
Deputados também ficaram incomodados, ao longo do mandato, com relatos sobre dossiês que o governo estaria fazendo contra parlamentares. O caso mais marcante envolveu o ex-secretário Lucas Tristão.
Witzel não tem apoio suficiente para barrar seu afastamento no plenário. A decisão ocorrerá depois que uma comissão especial elaborar o parecer sobre o caso. Na segunda-feira, liminar do ministro Dias Toffoli, presidente do STF, determinou que a Alerj refaça a comissão. A Casa deve recorrer amanhã.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Caio Sartori
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