Sob os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 188,682 bilhões em junho, informou nesta sexta-feira, 31, o Banco Central. Este é o maior rombo fiscal em um único mês na série histórica do BC, que começou em dezembro de 2001.
Em maio deste ano, havia sido registrado déficit de R$ 131,438 bilhões. O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento da dívida pública. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensificaram em março, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos.
O déficit primário consolidado do mês passado ficou fora do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que iam de déficit de R$ 218,07 bilhões a déficit de R$ 197,4 bilhões. A mediana estava negativa em R$ 199,100 bilhões.
Composição
O resultado fiscal de junho foi composto por um déficit de R$ 195,180 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Já os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado positivamente com R$ 5,780 bilhões no mês. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 5,592 bilhões, os municípios tiveram resultado positivo de R$ 187 milhões.
As empresas estatais registraram superávit primário de R$ 719 milhões. A projeção oficial do Tesouro para o rombo fiscal em 2020 é de R$ 787,4 bilhões, considerando apenas o Governo Central.
1º semestre
As contas do setor público acumularam um déficit primário de R$ 402,703 bilhões no primeiro semestre, o equivalente a 11,64% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central. Este resultado foi consequência do desempenho registrado nos últimos meses, em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia.
A projeção oficial do Tesouro para o rombo fiscal em 2020 é de R$ 787,4 bilhões, considerando apenas o Governo Central. O montante equivale a cerca de 11,0% do PIB.
O déficit fiscal no primeiro semestre foi formado pelo resultado negativo de R$ 417,241 bilhões do Governo Central (12,06% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 11,781 bilhões (0,34% do PIB) no período. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 11,731 bilhões, os municípios tiveram um saldo negativo de R$ 50 milhões. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 2,757 bilhões no período.
12 meses
As contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 458,835 bilhões em 12 meses até junho, o equivalente a 6,38% do PIB, informou o Banco Central.
O déficit fiscal nos 12 meses encerrados em junho pode ser atribuído ao rombo de R$ 481,466 bilhões do Governo Central (6,69% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 7,901 bilhões (0,11% do PIB) em 12 meses até junho.
Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 10,459 bilhões, os municípios tiveram um saldo negativo de R$ 2,559 bilhões. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 14,730 bilhões no período.
Déficit nominal
O setor público consolidado registrou um déficit nominal de R$ 210,161 bilhões em junho. Em maio, o resultado nominal havia sido deficitário em R$ 140,401 bilhões e, em junho de 2019, deficitário em R$ 30,102 bilhões.
No mês passado, o Governo Central registrou déficit nominal de R$ 212,988 bilhões. Os governos regionais tiveram saldo positivo de R$ 2,570 bilhões, enquanto as empresas estatais registraram superávit nominal de R$ 2,770 milhões.
O resultado nominal representa a diferença entre receitas e despesas do setor público, já após o pagamento dos juros da dívida pública. Em função da pandemia do novo coronavírus, que reduziu a arrecadação dos governos e elevou as despesas, o déficit nominal tem sido mais elevado nos últimos meses.
No primeiro semestre, o déficit nominal somou R$ 576,315 bilhões, o que equivale a 16,66% do PIB.
Em 12 meses até junho, há déficit nominal de R$ 818,617 bilhões, ou 11,38% do PIB.
Gasto com juros
O setor público consolidado teve gasto de R$ 21,480 bilhões com juros em junho, após esta despesa ter atingido R$ 8,963 bilhões em maio, informou o Banco Central.
O Governo Central teve no mês passado despesas na conta de juros de R$ 17,808 bilhões. Os governos regionais registraram gasto de R$ 3,209 bilhões e as empresas estatais, de R$ 462 milhões.
No primeiro semestre, o gasto com juros somou US$ 173,613 bilhões, o que representa 5,02% do PIB.
Em 12 meses até junho, as despesas com juros atingiram R$ 359,783 bilhões (5,00% do PIB).
Por Lorenna Rodrigues
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