Novos resultados do inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo apontam que ao menos 11,1% dos moradores da cidade contraíram o novo coronavírus, o que representa 1,32 milhão de pessoas. Os dados da fase 2 do levantamento foram divulgados na manhã desta terça-feira, 28, pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em coletiva de imprensa.
Oficialmente, segundo dados do Governo do Estado, a cidade tem 182.027 casos confirmados da doença, número que é mais de sete vezes menor do que o estimado pelo inquérito.
“A proporção estimada de indivíduos assintomáticos entre aqueles que apresentaram positivo é de 39,7%. Esse é um número bastante expressivo de pessoas que testaram positivo e declararam que não tiveram nenhum sintoma da doença”, justificou o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.
De acordo com a Prefeitura, o exame sorológico usado na pesquisa avalia a presença de anticorpos para a covid-19 em moradores sorteados aleatoriamente a partir da base de dados do IPTU de 2020, dos hidrômetros de 2017 e do programa Estratégia Saúde da Família (ESF).
São selecionados 12 indivíduos para cada área de abrangências das 472 UBS da cidade. A amostra é coletada em domicílio.
Ao todo, foram sorteados 5.760 domicílios, nos quais foram feitas 2.328 coletas até 20 de julho. “O objetivo do inquérito é conhecer a situação sorológica da população e direcionar as estratégias para os casos suscetíveis”, destacou o secretário.
Diferentemente de nas etapas anteriores, desta vez a prevalência dos casos foi na população com mais de 65 anos, que representam 13,9% dos casos, seguido das pessoas de 18 a 34 anos, com 12,6%, e de 35 a 49, com 12,3%. Na fase 1, os idosos representavam 5,1% dos casos.
“Isso vai requerer uma estratégia específica em relação aos idosos. O que pode apontar que membros da família que saíram de casa possam ter se contaminado e trazido a doença para os idosos que ficaram em casa”, declarou Aparecido.
O aumento também foi destacado por Covas: “É um dado perigoso, é um dado que mostra que é preciso reforçar a atenção com a nossa população mais idosa, que é quem tem mais chance de óbito quando pega o coronavírus.”
A etapa anterior do estudo, com dados até 6 de julho, apontava contaminação de 9,8% dos moradores da população. Os principais fatores associados à doença seguem relacionados à pobreza e vulnerabilidade social, como baixa escolaridade, menor renda e maior número de moradores em um mesmo domicílio.
“O vírus está jogando luz sobre a desigualdade que nós temos na cidade de São Paulo. É quatro vezes maior a incidência do coronavírus na classe D do que na classe A. Quem é mais pobre tem mais chance de pegar o vírus. É mais do que o dobro a incidência do vírus sobre quem tem somente ensino fundamental quando comparado a quem tem ensino superior. E a questão da desigualdade racial. Quem é da cor preta ou parda tem 60% mais chande de pegar o vírus na cidade do que quem é de cor branca”, destacou Covas.
Segundo o inquérito, a prevalência é em pessoas com até o ensino fundamental completo (16,4%), da cor parda e preta (14,1%), da classe E (17,7%), que moram com ao menos outros quatro indivíduos (11,7%) e que não fazem distanciamento social (25,2%). A prevalência em quem fez isolamento social é de 8,5%.
A maior proporção de casos é entre desempregados (15,1%) e pessoas que trabalham fora de forma presencial (14,3%). Além disso, constatou-se que 39,7% são assintomáticos, enquanto 60,3% apresentaram sintomas da covid-19.
A prevalência de casos também é maior entre pessoas que utilizam máscara em locais públicos “de vez em quando” (30,5%), enquanto é menor em quem usa na “maioria das vezes” (21,8%) e “sempre” (9%).
A maior prevalência de casos é maior na zona sul, com 16,1% da população, seguida das zonas leste, 13,3%, sudeste, 9,3%, norte, 8,2%, e centro-oeste, 3,7%.
Ao todo, o inquérito sorológico terá 9 fases (da fase 0 até a 8), sendo cada fase realizada a cada 15 dias, sempre com um mesmo número de indivíduos sorteados. Em paralelo à fase 4, também será realizado um inquérito paralelo específico para crianças e adolescentes.
“Em relação aos domicílios, agora (na prevalência) aparecem pessoas que moram em domicílios com mais de 5 pessoas, por isso essa solicitação de que a gente possa fazer essa testagem de crianças e adolescentes”, justificou Aparecido.
Por Priscila Mengue e Marina Aragão
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