O Sindicato dos Metroviários de São Paulo confirmou na tarde desta sexta-feira, 24, que fará uma paralisação na próxima terça-feira, 28, como forma de reivindicar a prorrogação do acordo coletivo já existente entre a classe e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), que venceu em 30 de abril. A decisão já havia sido tomada e se manteve após a categoria ser surpreendida com um aviso de que a empresa vai promover um corte de 10% no salário nominal dos funcionários.
Os trabalhadores já tinham planejado uma greve para 1.º de julho, que foi adiada para o dia 8 a pedido do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Na segunda data proposta, o sindicato cancelou a paralisação porque havia expectativa de negociar com empresa e governo estadual, postergando-a para o dia 28. Porém, segundo Wagner Fajardo, um dos coordenadores do sindicato, não houve avanço desde então. Uma audiência com o TRT marcada para o dia 27 de manhã pode mudar os planos da greve na próxima semana, mas apenas se houver acordo favorável aos metroviários.
“O Metrô manteve a sua intransigência e nós decidimos manter a nossa greve, mas essa noite fomos surpreendidos com a notícia do Metrô de que ele vai tirar 10% do salário, alegando falta de dinheiro”, disse ele em entrevista coletiva nesta tarde. A categoria também protesta contra diminuição e corte de “vários direitos dos metroviários nos salários de junho”.
Camila Lisboa, coordenadora da entidade, disse que na noite dessa quinta-feira, 23, a categoria foi surpreendida com um aviso da empresa, por e-mail, de mais um corte de 10%. O Metrô de São Paulo estaria em uma crise de receita e essa seria uma das medidas para amenizar a situação. O sindicato pede, ainda, recuo de reduções impostas pela companhia, como de adicional noturno e risco de vida.
A justificativa de crise não convence a categoria, segundo explicou Alex Santana, diretor da Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro). “O relatório do Metrô mostra uma defasagem de quase 2 mil metroviários, mas mesmo assim os índices melhoraram, e nos últimos cinco anos houve aumento da receita, tarifária e não tarifária, e diminuição de despesas.”
Camila afirmou que a redução salarial não acompanha redução de jornada nem há previsão de quanto tempo duraria. “A gente esperava que a campanha salarial fosse adiada e não (ocorresse) no momento da pandemia. Chegamos a conseguir esse adiamento por meio de liminar, mas foi cassada no TST e fomos obrigados a entrar em processo de negociação salarial. Teve reunião em 22 de junho e já ali o Metrô anunciou que praticaria cortes nos salários referentes ao acordo que eles querem impor”, afirmou. Ela reforçou que os trabalhadores abriram mão de reivindicar aumento salarial nesse momento.
Para o sindicato, uma solução para a possível crise do Metrô seria cortar “os altíssimos salários de uma pequena parcela de funcionários” que ganha acima do teto do governador e acaba por onerar a capacidade financeira da companhia.
Segundo a categoria, as propostas do Metrô são reduzir a participação da empresa do plano de saúde dos trabalhadores, cortar os adicionais noturnos de 50% para 20% e as horas extras de 100% para 50%. “A gente acredita que o Metrô está tentando se aproveitar da pandemia para fazer enxugamento no nosso acordo coletivo, porque nós, os engenheiros e o próprio tribunal propusemos acordo emergencial durante a pandemia e o Metrô não aceita e quer fazer acordo reduzido para os próximos dois anos”, disse Fajardo.
Greve dos metroviários
O sindicato afirmou que, caso ocorra, a paralisação dos metroviários começará a meia-noite do dia 23 (de segunda para terça-feira) durante as 24 horas do dia. Porém, existe a possibilidade de que a greve dure mais tempo ou que ela seja suspensa, mas com os trabalhadores atuando com catracas livres, se for o caso. As linhas 4 e 5 do Metrô têm acordo diferente e não entrariam na paralisação.
Por Ludimila Honorato
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