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‘Não voltaremos ao antigo normal’, afirma diretor-geral da OMS

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, descartou a possibilidade do mundo voltar ao “antigo normal” – ou seja, à realidade anterior à covid-19. “A pandemia já mudou a maneira como vivemos. Ajustar-se ao ‘novo normal’ é encontrar maneiras de viver de modo seguro”, disse, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (23).

Tedros afirmou que a maior parte da população mundial ainda está suscetível ao novo coronavírus e que, por isso, medidas de prevenção, como lavar as mãos e manter o distanciamento social, seguem necessárias. “Nós continuamos a ver transmissão intensa do vírus em alguns países”, afirmou, sem especificar a quais se referia.

Em seguida, no entanto, o diretor-geral disse que quase metade dos casos no globo, que já bateram os 15 milhões, vem de apenas três países. Segundo dados da Universidade John Hopkins, são Estados Unidos, Brasil e Índia. O líder da OMS ainda alertou para a politização da pandemia – a “maior ameaça”, em suas palavras. “A política deveria ficar em quarentena”, ironizou.

O diretor executivo da OMS, Michael Ryan, por sua vez, disse que a entidade multilateral têm trabalhado junto a autoridades da China para entender plenamente a origem do novo coronavírus. Já a responsável pela resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove, reforçou que a doença é nova e, por isso, orientações sobre ela podem ser alteradas a qualquer momento.

Desafios

Integrantes da OMS afirmaram em coletiva de imprensa que Brasil, Estados Unidos e Índia têm capacidade para vencer a pandemia, mas que algumas características indissociáveis, como densidade populacional, representam desafios. “Os três são países democráticos, mas grandes, populosos e complexos”, declarou Michael Ryan. “Os governos locais precisam tomar decisões sobre quarentena baseadas em dados, e em dados locais”, completou.

Ryan ainda afirmou que a OMS está trabalhando junto a autoridades federais e estaduais no Brasil para combater o novo coronavírus, e ressaltou a importância do País como um espelho para o mundo. “As pessoas olham para países como EUA e Brasil em busca de respostas certas”, disse a jornalistas.

Maria Van Kerkhove entende que EUA, Brasil e Índia têm “lideranças tremendas”, “bons médicos” e “ferramentas para virar o jogo”. Ela ainda disse que a entidade multilateral também não deseja a retomada de grandes bloqueios econômicos, mas que a medida pode ser inevitável em alguns casos.

Por Eduardo Gayer

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