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Bolsa fecha perto da estabilidade (-0,02%), em dia ruim para commodities e bancos

Em dia de desempenho negativo para as ações de commodities e de bancos, dois setores de grande peso no índice, o Ibovespa fechou bem perto da estabilidade, em leve baixa de 0,02%, aos 104.289,57 pontos, saindo de 104.311,59 na abertura e chegando a 103.277,01 pontos na mínima do dia. O desempenho de Nova York vinha misto em boa parte desta quarta, 22, com leve variação nas duas direções, mas ao final firmou Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq em alta, ainda que moderada, nesta quarta-feira em que predominou cautela quanto às relações EUA-China, após o governo americano ter determinado o fechamento de consulado chinês em Houston, no Texas – os chineses prometem retaliar, o que no jargão diplomático costuma ser entendido como uma contramedida equivalente.

Por aqui, o ajuste nos preços do petróleo e do minério contribuiu para segurar Petrobras (PN -1,37% e ON -1,04%) e Vale (-0,77%), em variação inferior à observada nos bancos, ante avaliação dos efeitos da proposta de reforma tributária do governo – ambos os setores, contudo, chegaram a limitar as perdas no fim da sessão, contribuindo para uma leve virada ensaiada pelo Ibovespa, que acumula até aqui ganho de 1,36% na semana e de 9,71% no mês; em 2020, cede agora 9,82%. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 28,5 bilhões, com o índice chegando a 104.979,95 na máxima do dia.

Em nota à tarde, a Febraban apontou que a carga tributária final sobre o setor financeiro ficará maior se for aprovada a proposta encaminhada ontem pelo governo ao Senado. A federação calcula que a participação da carga de tributos no spread bancário subirá de 19,3% para 20,3% só por conta da elevação da alíquota do PIS/Cofins, de 4,65% para 5,8%. Pela proposta, os bancos ficaram com regime diferenciado e alíquota menor do que a de 12% que valerá para outros setores. “A carga tributária final sobre o setor financeiro, de 45% de IRPJ e CSLL, somada ao aumento da alíquota para 5,8% (CBS), será mantida como a mais elevada dentre outros setores, não tendo havido qualquer redução de alíquota para os bancos”, ressalta a entidade.

Nesta quarta-feira, 22, destaque para perda de 3,65% na unit do Santander e de 2,27% em Itaú Unibanco PN. Pelo segundo dia, Qualicorp teve a maior queda dentre os componentes do Ibovespa (-5,74%). No lado oposto, WEG subiu 13,89%, após resultados trimestrais muito bem recebidos, seguida por Cemig (+7,73%) e B2W (+5,30%).

“As ações de bancos ainda estão muito atrasadas no ano, e uma reação do setor ajudaria o Ibovespa, pelo peso que tem no índice. São uma boa oportunidade de compra, especialmente quando comparadas a ações que já andaram muito no ano, como as de varejo”, aponta Rodrigo Barreto, analista da Necton. “Mas uma correção no índice deve ser vista com bons olhos, na medida em que cria oportunidade de compra em meio à tendência de alta, que se mantém”, acrescenta o analista, que observa no gráfico suporte forte aos 100 mil pontos e dinamismo para que o Ibovespa venha a buscar os 107 mil. “O exterior continua ajudando, com o S&P 500 tendo rompido (no gráfico) topo anterior em direção a uma nova máxima.”

“O setor de bancos tem apanhado desde o último trimestre do ano passado, em razão de questões relacionadas a impostos, como a CSLL, a discussão sobre tabelamento de juros do cartão de crédito, a queda na Selic e o aumento da concorrência. Se as ações de bancos subirem 10%, levam o índice para a faixa de 110-115 mil pontos”, diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor. “O quadro de fundo para o Ibovespa continua positivo, com o progresso em direção a vacinas para a Covid-19 e os sinais amistosos entre o governo e o Congresso nesta retomada de discussão da reforma tributária. O índice deve seguir para os 105 e depois 110 mil pontos, antes do fim do ano.”

Por Luís Eduardo Leal

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