A mineradora Vale (VALE3) divulgou seus dados operacionais de produção e vendas referentes ao segundo trimestre de 2020 na segunda-feira (20), após o fechamento do mercado. Os números relacionados a produção vieram medianos e em linha com as expectativas.
A mineradora anunciou uma produção de 67,6 milhões de toneladas de minério de ferro entre abril e junho, um aumento de 5,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e 13,4% a mais que no primeiro trimestre de 2020. Apenas em junho a produção foi de 25,1 milhões de toneladas de minério de ferro, um número substancialmente superior ao nível de produção de abril e maio.
Nestes dois meses, a produção foi duramente atingida pelos efeitos da Covid-19 nas suas operações, visto que a companhia adotou políticas de prevenção bastante responsáveis para preservar a saúde dos seus colaboradores.
Já as vendas de minério de ferro foram de 54,6 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2020, uma queda de 11,8% na comparação com o segundo trimestre de 2019 e um acréscimo de 5,7% no comparativo com o primeiro trimestre deste ano. Segundo a companhia, o volume de vendas 8% abaixo da produção foi devido a questões logísticas e comerciais, dado que a estratégia de venda busca priorizar margens maiores dentro do seu portfólio.
A projeção de produção de minério de ferro (guidance) para 2020, que havia sido reduzida da faixa de 340 milhões a 355 milhões de toneladas da commodity para a faixa entre 310 e 330 no primeiro trimestre de 2020, permanece inalterada. Contudo, a companhia reconhece que a tendência é que o número entregue no final do ano fique mais próximo ao limite inferior da faixa.
Com o volume de produção/vendas de minério de ferro dentro das expectativas, esperamos que as ações da Vale (VALE3) tenham um desempenho em linha com o desempenho do Ibovespa nesta terça-feira (21).
As ações da Vale terão um impulso positivo extra com a alta de 2,75% nos preços futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian aos US$ 120 por tonelada.
Em 2020, as ações da Vale (VALE3) acumulam valorização de 14,1%, desempenho bastante superior ao do Ibovespa, que recua 9,7% no ano.
Os preços do minério de ferro se mostraram resilientes durante a crise da Covid-19, e no segundo trimestre de 2020 ficaram próximos ao patamar dos US$ 100 por tonelada no período – o que deve compensar parcialmente os volumes mais baixos de vendas. Ademais, o dólar médio mais elevado no período (de R$ 4,46 no 1T20 para R$ 5,38 no segundo trimestre de 2020) também deverá impulsionar o resultado do segundo trimestre da mineradora que será divulgado no dia 29 de julho.
Analistas acreditam que os estímulos do governo chinês, associados à recuperação mais forte da atividade econômica no gigante asiático possam manter a demanda pelo minério e os seus preços em níveis bastante favoráveis à companhia no restante do ano.
Ainda no primeiro trimestre de 2020, a Vale anunciou medidas com objetivo de reforçar o seu caixa para fazer frente às incertezas da pandemia de coronavírus, sendo a principal delas um saque de US$ 5 bilhões em linhas de crédito rotativo, uma espécie de “cheque especial” mantido junto aos bancos. Com isso a companhia fechou o primeiro trimestre deste ano com US$ 4,8 bilhões de endividamento líquido e uma relação dívida líquida sobre Ebitda 12 meses de apenas 0,3 vezes.
Já no começo de julho ela anunciou a captação de US$ 1,5 bilhão via emissão de títulos nos Estados Unidos com vencimento em 2030. De acordo com analistas, a política de endividamento da companhia será outro ponto a ficar atento nos resultados completos do segundo trimestre de 2020.
O principal catalisador das ações da Vale (VALE3) é o tamanho da sua geração de caixa nos próximos resultados, o que pode marcar a volta do pagamento de dividendos aos seus acionistas, suspensos desde a tragédia de Brumadinho.
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