Já com capital aberto na bolsa de Toronto, Canadá, berço do mercado de capitais para o setor mineral em todo o mundo, a Aura Minerals acaba de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3 de R$ 790,1 milhões. Ganhando agora uma dupla listagem, se estava entre muitos pares no Canadá, agora será a primeira fabricante de ouro da bolsa brasileira. O debute será na próxima segunda-feira, dia 6, sob o código “AURA33”. A empresa chega na B3 com um valor de mercado de R$ 3,9 bilhões.
Por ser uma empresa estrangeira – sua sede é no Canadá (onde já é listada) e maior parte de seus ativos são fora do País, a Aura chega na B3 com BDRs, que são os títulos que representam ações listadas fora do País.
Do total da oferta, R$ 271 milhões irão para o caixa da empresa. O restante vai para o bolso do acionista vendedor, o Monazita Resources. Da oferta primária, o prospecto aponta que os recursos serão utilizados para o desenvolvimento, manutenção e expansão dos ativos operacionais, exploração e desenvolvimento de projetos ainda não operacionais e reforço da estrutura de capital da companhia.
A ação foi precificada nesta quinta-feira em R$ 820, no piso da faixa indicativa de preço, que ia até R$ 990. Na oferta apenas participaram investidores profissionais, basicamente fundos, visto que a oferta utilizou, pela primeira vez no Brasil, o modelo de esforços restritos de distribuição, no qual são vetadas as pessoas físicas. Por 18 meses os BDRs poderão ser negociados apenas entre investidores qualificados, que são aqueles com mais de R$ 1 milhão em investimentos financeiros.
Com o IPO, maior parte da liquidez da empresa, cerca de 60%, ficará no Brasil, conforme estimativas. A demanda superou a oferta em cerca de duas vezes, segundo fontes.
A Aura é controlada pela Northwestern Enterprises, veículo de investimentos detido pelo empresário brasileiro Paulo Carlos de Brito, que possui 56,58% do capital. Ele não vendeu ações.
A oferta, em meio à pandemia, acabou sendo beneficiada pela busca dos investidores por ouro nos últimos meses, movimento comum em momento de crise. No fim de abril, o Bank of America divulgou um relatório intitulado “Fed can’t print gold (O Fed não pode imprimir ouro), em uma alusão à forte injeção de trilhões de dólares do Banco Central norte-americano nas economias.
No documento o BofA estimou o preço do ouro em 18 meses em US$ 3 mil a onça (cerca de 28 gramas), 50% a mais do recorde atual. O relatório, no fim das contas, ajudou nas conversas com investidores.
A oferta foi coordenada pelo Credit Suisse, Itaú BBA, Safra e XP.
Por Fernanda Guimarães
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