Após atingir o preço máximo acima dos US$ 100 por tonelada no porto de Qingdao no início de junho, o minério de ferro deve passar por um período de ajustes no segundo semestre, segundo a publicação especializada Fastmarkets MB e o banco suíço Julius Baer.
O principal motivo para esta redução é a normalização da oferta mundial da commodity. A Vale, por exemplo, sofreu no primeiro trimestre deste ano em função das fortes chuvas no período, além de outros problemas operacionais.
No curto prazo joga a favor da cotação o receio de novas interrupções na produção da companhia, como ocorreu recentemente nas minas de Itabira (MG) devido à pandemia da Covid-19. Contudo, à medida em que este risco se dissipe, a expectativa é de que haja um arrefecimento dos preços para um patamar entre US$ 80 e US$ 90 por tonelada no médio prazo, uma queda de ao menos 10% na comparação com a cotação atual.
No lado da demanda quem faz preço é a China, pois ela responde por cerca de 70% das importações a nível mundial. Após os estímulos econômicos realizados pelo governo chinês nos primeiros meses de 2020 para tentar cumprir a meta de crescimento anual, a demanda e o preço do minério não foram atingidos de forma tão severa como outras commodities.
A notícia é negativa para as ações da Vale (VALE3) no médio prazo, visto que os seus resultados são muito sensíveis ao preço da commodity. De acordo com analistas, na sessão de hoje é esperado impacto negativo devido à queda nos contratos futuros de minério de ferro transacionados nas bolsas chinesas, que fecharam em queda de 2% nesta quarta-feira (1º).
Embora o minério possa jogar contra no segundo semestre, é válido ressaltar que ele não é o único fator a fazer preço nas ações da companhia. Além da cotação da matéria-prima, há o componente cambial, o volume de produção e até mesmo a possível expansão dos múltiplos negociados no momento, que seguem abaixo da sua média histórica e com desconto relevante na comparação com seus pares globais.
Ademais, o mercado segue atento ao nível de geração de caixa livre que a Vale pode entregar neste ano, o que pode marcar a volta do pagamento de dividendos aos seus acionistas, suspensos desde a tragédia de Brumadinho.
No primeiro trimestre deste ano a Vale desembolsou US$ 5 bilhões do seu crédito rotativo, com US$ 2 bilhões a vencer em junho de 2022 e US$ 3 bilhões a vencer em dezembro de 2024 para fazer frente à pandemia da Covid-19.
A companhia segue com US$ 4,8 bilhões de endividamento líquido e uma relação dívida líquida sobre Ebitda 12 meses de apenas 0,3 vezes.
Para a Vale voltar a distribuir dividendos é preciso pelo menos repagar os US$ 5 bilhões de financiamentos contraídos durante a crise e encerrar as questões de Brumadinho. A geração de caixa da companhia foi fortemente afetada no primeiro trimestre de 2020: US$ 380 milhões. A geração de caixa é um dos principais catalisadores positivos da Vale.
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