O começo do segundo semestre de 2020 está muito parecido com o fim do primeiro. Os mercados oscilam de olho nos prognósticos de reabertura das economias devido ao comportamento da pandemia, e analisam os indicadores de atividade. E até agora, há tanto números positivos quanto negativos. No Brasil, os números de inflação são, ao contrário do que ocorreu no passado, uma boa notícia.
Os preços da indústria medidos pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiram 1,22% em maio frente a abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior resultado desde os 1,39% registrados em maio de 2019. É o décimo aumento consecutivo do indicador, que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Com o resultado de maio, o acumulado no ano atinge 3,37%. Já nos últimos 12 meses a inflação da indústria foi de 4,60%.
Já a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou os preços ao consumidor na primeira semana de julho. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,36%, ficando 0,27 ponto percentual acima da taxa registrada na última divulgação. Com este resultado, o indicador acumula alta de 0,55% no ano e 2,22% nos últimos 12 meses. A alta foi provocada pelo item Transportes, que subiu 1,05%, ante 0,32% no levantamento anterior. Os preços da gasolina avançaram 3,28%, ante 0,69% na semana passada. A alta dos preços para o consumidor e para a indústria mostra que a economia brasileira está, aos poucos, retomando seu nível de atividade.
Os indicadores no Exterior vêm apresentando um comportamento menos definido. Começando pelos Estados Unidos. A empresa de processamento de dados ADP, que administra as folhas de pagamento de milhões de empresas americanas, divulgou a criação de 2,36 milhões de postos de trabalho não-agrícolas em junho. Apesar de positivo, o número foi inferior às expectativas, que eram de uma abertura de 2,5 milhões de novas vagas.
Outra pesquisa, da empresa de recrutamento global Challenger, Gray & Christmas, indicou que houve 170,2 mil demissões em junho. Apesar de o número de dispensas ter sido 57% inferior ao de maio, ele superou em 306% o de junho do ano passado.
Já na China, os números da indústria superaram as expectativas. O índice dos Gerentes de Compras (Purchasing Manager’s Index) chinês, calculado pelo Markit/Caixin, foi de 51,2 em junho, levemente acima dos 50,5 esperados. Números acima de 50 indicam uma economia em crescimento. Apesar de ter detectado que as exportações chinesas permanecem fracas devido ao desaquecimento econômico nos demais países, o Instituto observou que a demanda agregada – que inclui também o consumo interno – aumentou bastante, e o índice de novas encomendas foi positivo pela primeira vez desde janeiro.
“O setor industrial chinês continuou crescendo em junho, com a maior parte do país tendo controlado a epidemia, o que permite uma recuperação da economia”, informou o Instituto. Bom sinal para o Brasil, que tem na China um de seus principais parceiros comerciais, ao lado dos Estado Unidos.
Olhando no curto prazo, os números americanos são negativos, e por isso devem exercer uma pressão de baixa nos mercados nesta quarta-feira. No entanto, é preciso analisar os resultados em perspectiva. Apesar de os números não serem positivos, eles se referem a uma situação passada, e a ajustes decididos durante os piores momentos da pandemia e só implementados mais recentemente. Os indicadores mostram uma estabilização da situação, ainda que em patamares inferiores aos anteriores ao coronavírus. Por aqui, as notícias do cenário local e também da China devem segurar a queda e fazer com que o Ibovespa comece o dia em alta.
Be First to Comment