Moradores das zonas rurais de Ouro Preto e Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, foram retirados de suas casas na manhã desta quarta-feira, dia 1º, depois da revisão e aumento na área que pode vir a ser atingida por um possível rompimento de barragens de rejeito de minério de ferro da Vale. A Defesa Civil ainda não divulgou o número de famílias que poderiam ser atingidas em caso de ruptura das estruturas. Com o estudo anterior, 11 famílias já tinham sido retiradas da área de possível alcance da lama.
As barragens que tiveram aumentado o perímetro de destruição, o chamado “dam break”, são: Forquilha I, II, III e IV, do Complexo de Fábrica, em Ouro Preto, mas com alcance ao município vizinho de Itabirito.
Em outubro do ano passado, a Vale elevou para o nível 1 o protocolo de emergência para a barragem de Forquilha IV, o que não requer retirada de moradores de áreas próximas, mas indica que a represa não está em condições ideais, apesar de ainda sob controle da empresa que a administra. A escala vai até três, que aponta para ruptura a qualquer momento, como o caso da barragem da mineradora em Barão de Cocais, também em Minas Gerais.
Segundo informações da Defesa Civil de Minas Gerais, o novo estudo passou a considerar a possibilidade de colapso das quatro represas ao mesmo tempo. A corporação disse que vai conduzir a realocação das famílias. “Além da hospedagem em hotéis e, posteriormente, em moradias temporárias com aluguel social custeado pela Vale, serão assistidas por atendimento psicossocial, alimentação e transporte para necessidades básicas e emergenciais, como trabalho, escola e consulta médica”.
Em nota, a Defesa Civil pontuou não ter ocorrido alteração nos dados técnicos das estruturas ao longo dos últimos meses, e que inspeções não detectaram anomalias. “As barragens do Complexo de Fábrica são monitoradas continuamente por meio de piezômetros automatizados, radares terrestres, estações robóticas totais, capazes de detectar movimentações milimétricas, e microssísmica, além de observadas por câmeras de vigilância 24 horas por dia pelo Centro de Monitoramento Técnico (CGM) da Vale”.
Ainda segundo a Defesa Civil, os animais das famílias serão “resgatados e acolhidos na fazenda administrada pela Vale na região, onde ficam sob cuidados de 50 médicos veterinários, biólogos e auxiliares. A operação cumprirá todos os protocolos de saúde e segurança recomendados diante do quadro de pandemia da Covid-19”. A reportagem entrou em contato com a Vale e aguarda retorno.
Por Leonardo Augusto, especial para o Estadão
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