A confiança da indústria avançou 16,2 pontos em junho ante maio, alcançando 77,6 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira (29). A variação registrada no mês foi a maior da série histórica da Sondagem da Indústria, iniciada em 2001, mas, mesmo considerando a alta de 19,4 pontos em maio e junho, a confiança ainda se situa abaixo do nível pré-coronavírus (101,4 pontos, em fevereiro).
Em junho, todos os 19 segmentos industriais pesquisados tiveram aumento da confiança. Este resultado é atribuído à forte melhora da percepção dos empresários em relação ao momento presente e, principalmente, para os próximos três meses. O Índice de Expectativas subiu 21,3 pontos, para 76,2 pontos. Já o Índice de Situação Atual cresceu 10,6 pontos, para 79,2 pontos. A diferença entre ISA e IE, que chegou a ser de 17,8 pontos em maio, agora é de apenas 3 pontos.
A maior contribuição para alta neste mês veio da redução do pessimismo dos empresários sobre a produção nos próximos três meses. O indicador de produção prevista saltou de 46,9 pontos para 82,9 pontos, recuperando 48,3 pontos desde maio, ou 71% do que foi perdido entre janeiro e abril. Houve forte queda da proporção de empresas prevendo nível de produção menor para os três meses seguintes (de 63,9% para 36,4%) e aumento do porcentual de empresas esperando nível maior (de 13,5% para 30,7%).
Além disso, os indicadores de emprego previsto e tendência dos negócios subiram 17,8 pontos e 9,1 pontos, para 76,5 pontos e 70,5 pontos, respectivamente. Já entre os indicadores que avaliam a situação no momento, apesar dos estoques permanecerem estáveis (de 81,9 pontos para 81,4 pontos), os demais avançaram. A demanda total aumentou 17 pontos, de 62,2 pontos para 79,2 pontos, e o de situação atual dos negócios cresceu 14,3 pontos, de 64,7 pontos para 79 pontos
“Em junho, a confiança do setor industrial avançou de maneira expressiva e disseminada entre todos os segmentos. Exceto pelos estoques, que se mantiveram estáveis, todos os demais indicadores apresentaram melhora significativa, embora permaneçam em nível muito baixo. A maior contribuição para a alta no mês vem da produção prevista, que sinaliza forte aceleração da produção no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre. De maneira geral, os resultados sugerem que o pior momento tenha passado para a indústria, apesar de estarmos longe dos níveis anteriores ao início da pandemia e de haver elevada incerteza em relação ao ambiente de negócios para os próximos seis meses, que pode comprometer a velocidade da recuperação”, comentou Renata de Mello Franco, economista da Ibre/FGV.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) também continuou a subir, depois do avanço de 3 pontos porcentuais em maio. Agora, em junho, a elevação foi de 6,3, pontos porcentuais, de 60,3% para 66,6%. Mas, da mesma forma, ainda se encontra 13,2 pontos porcentuais abaixo da média de janeiro de 2001 a março de 2020 (79,8%).
A edição de junho de 2020 da Sondagem da Indústria coletou informações de 1010 empresas entre os dias 1º e 25 deste mês. A próxima divulgação ocorrerá em 29 de julho. A prévia deste resultado será divulgada no dia 22 do mês que vem.
Por Thaís Barcellos
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