Dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel afirmou que os efeitos econômicos da crise gerada pela pandemia de covid-19 serão sentidos “muito além” de 2020. “As mudanças em nossa economia induzidas pela pandemia são, portanto, com toda a probabilidade, não apenas temporárias, mas estruturais”, disse a dirigente, em um discurso feito neste sábado.
De acordo com Schnabel, a taxa de desemprego na zona do euro provavelmente ainda estará “visivelmente mais alta” daqui a dois anos do que o previsto antes da crise. Ela destaca que as projeções apontam para um declínio de 9% na atividade econômica do bloco comum neste ano, com encolhimento de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha, maior economia da zona do euro.
“As cadeias de valor globais já estão sendo testadas, a produtividade em muitos setores de serviços pode ser permanentemente afetada e alguns setores provavelmente nunca voltarão aos níveis anteriores à crise”, alertou.
Para a dirigente, o curso atual da política monetária do BCE contribuiu “decisivamente” para aliviar as consequências financeiras e preservar empregos e investimentos na região. “Em suma, os benefícios de nossas medidas superam claramente seus custos”, afirmou.
Schnabel defendeu o uso do Programa de Compras de Emergência de Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) e disse que, até agora, não há sinais de que a resposta de política monetária do BCE tenha afetado significativamente a disciplina orçamentária dos governos ou criado um risco moral. “Isto significa que as medidas tomadas pelo BCE em resposta à crise foram necessárias, adequadas e proporcionadas para garantir a estabilidade dos preços na zona do euro”, defendeu.
Por Iander Porcella
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