O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, largou com 14 pontos porcentuais de vantagem sobre o presidente Donald Trump, que disputa a reeleição, segundo a pesquisa do New York Times/Siena College divulgada ontem. Biden tem 50% das intenções de voto ante 36% de Trump. A diferença é considerada importante em um país dividido entre dois partidos.
As más notícias eleitorais têm feito Trump apostar cada vez mais na retórica incendiária e divisória, em meio à crise econômica, de saúde e agitação social que os EUA vivem e à reprovação crescente às suas políticas.
Em 2016, as pesquisas eleitorais subestimaram o alcance de Trump em Estados com eleitorado branco e sem diploma universitário, o que foi um dos fatores que tornou a vitória do republicano no Colégio Eleitoral imprevisível. Mas o sinal de alerta para o presidente na pesquisa de ontem é que não apenas os eleitores tradicionalmente democratas parecem mais dispostos em votar por Biden do que estiveram por Hillary Clinton em 2016, como também o candidato democrata mostra certo favoritismo entre independentes e uma parcela do eleitorado que foi crucial para Trump.
Biden está à frente de Trump, com tranquilidade, entre eleitores negros, mulheres, jovens e hispânicos. Isso não é novidade, já que esta fatia da população se identifica mais com o Partido Democrata. Mas, desta vez, o partido aposta em um comparecimento recorde impulsionado pelo sentimento anti-Trump e de reação a políticas de imigração do republicano.
Entre mulheres com diploma universitário, Biden tem 39 pontos porcentuais de vantagem sobre Trump. Em 2016, as pesquisas mostravam que a vantagem de Hillary neste grupo era de 7 pontos.
Os dados apontam que Biden também é o candidato favorito entre independentes e eleitores homens, brancos e pessoas de meia-idade, grupos que costumavam apoiar Trump. Já o presidente consegue ganhar entre brancos sem diploma universitário, o que o favorece nos Estados do meio-oeste.
Ao ponderar a média das pesquisas eleitorais nacionais desde o início do ano, o site FiveThirtyEight calcula que Biden esteja em média 9,6 pontos à frente de Trump, a maior diferença desde que o ex-vice-presidente se consolidou como candidato democrata.
O discurso de divisão da sociedade, que foi base para a plataforma eleitoral do republicano em 2016, foi retomado por Trump diante dos protestos antirracismo que tomaram o país depois da morte de George Floyd, no final de maio. A opção do presidente tem sido a de retratar manifestantes como radicais, anarquistas, saqueadores ou bandidos, além de defender o endurecimento da resposta policial aos protestos e criticar seu antecessor, Barack Obama. Ao longo da semana, Trump publicou vídeos descontextualizados nas redes sociais com imagens de cidadãos negros agredindo brancos.
Se por um lado a retórica incendiária pode inflamar os eleitores mais radicais, por outro, mesmo conservadores têm se declarado incomodados com Trump. Segundo a pesquisa do NYT/Siena College, 46% dos eleitores que se definem como um pouco conservadores disseram desaprovar a conduta do presidente durante os protestos antirracismo. Entre os moderados, esse número salta para 70%.
Por Beatriz Bulla, correspondente
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