As famílias de renda mais baixa tiveram deflação pela primeira vez este ano no mês passado, enquanto a queda de preços se acentuou para as famílias de alta renda, informou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Também no acumulado do ano, as famílias de baixa renda tiveram mais inflação do que as mais ricas, segundo o Ipea.
Enquanto as famílias de renda mais baixa (até R$ 1.534,55) registram alta acumulada no ano de 0,45%, os mais ricos (com rendimento acima de R$ 15.345,53) apresentaram deflação de 0,45%.
Em maio, apesar da deflação ter atingido todos os segmentos, ela foi bem mais intensa para a faixa de renda mais alta (-0,57%) quando comparada à de renda mais baixa (-0,19%).
Na análise dos primeiros cinco meses do ano, os pesquisadores mostraram que a alta de 4,3% dos alimentos, medida pelo IPCA, impactou o custo de vida das famílias com menor poder aquisitivo (cuja despesa é maior em habitação, alimentos e bebidas). Por outro lado, a deflação de 39,4% nas passagens aéreas e de 14,9% nos combustíveis, beneficiou as famílias mais ricas (que além dos transportes, também despendem uma parte maior do seu orçamento com despesas pessoais e educação).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda é calculado mensalmente, com base nas variações de preços de bens e serviços disponibilizados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os pesos de cada produto ou serviço são calculados por meio dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Recentemente, houve divulgação da nova POF 2017/2018 (com mudanças nas cestas de consumo das famílias brasileiras) e o Ipea, assim como o IBGE já havia feito com o IPCA, atualizou os vetores de pesos para todas as faixas de renda pesquisadas a fim de retratar da melhor maneira possível o impacto inflacionário no orçamento das famílias.
Por Denise Luna
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