O déficit na balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 11,4 bilhões no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, valor 2,6% inferior ao registrado no mesmo período de 2019. As importações caírem 5,3% (para US$ 16,1 bilhões) e as exportações diminuíram 11,3% (para US$ 4,7 bilhões). Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 15, pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Segundo levantamento, os intermediários para fertilizantes e os produtos farmacêuticos para uso humano foram os principais grupos da pauta de importação brasileira de produtos químicos, cada um com compras superiores a US$ 2,5 bilhões até maio, e juntos representaram praticamente um terço do total importado pelo País no período.
Já quanto às exportações, os grupos de produtos inorgânicos diversos (especial destaque para alumina calcinada) e de resinas termoplásticas foram aqueles com maiores vendas ao exterior, entre janeiro e maio. Contudo, ao passo que as exportações desses inorgânicos (US$ 1,5 bilhão) cresceram 2,7%, as vendas de resinas termoplásticas (US$ 610,8 milhões) recuaram expressivos 22,6% em igual período.
De janeiro a maio, os produtos químicos responderam por 23,3% do total de US$ 68,9 bilhões em importações e por 5,5% dos US$ 84,5 bilhões em exportações realizadas pelo País. As quantidades movimentadas em produtos químicos foram recorde tanto com as importações de 18,8 milhões de toneladas quanto com as exportações de 6,4 milhões de toneladas, respectivamente aumentos de 12,4% e de 18,7% em relação aos maiores registros anteriores.
A Abiquim diz que o agravamento sanitário, econômico e social da pandemia da covid-19 não desacelerou o ritmo das importações, que se estabilizam em elevado patamar médio de US$ 3,2 bilhões mensais. No acumulado dos últimos 12 meses (junho de 2019 a maio de 2020), o déficit é de praticamente US$ 31,5 bilhões, valor somente inferior ao recorde de 2013, de US$ 32 bilhões.
O presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, diz que diversos países estão reavaliando suas posições geopolíticas em relação à produção e ao consumo de bens nas cadeias globais. “A distribuição geográfica da produção e dos investimentos como a conhecemos está sendo redefinida nesse exato momento. Além das reformas estruturantes da economia brasileira e dos programas de ajustes competitivos, como o decisivo Novo Mercado de Gás para o setor químico, que pode fomentar no Brasil a cadeia de fertilizantes, commodity cujo custo da matéria-prima é preponderante para as alocações de investimentos, também é do interesse estratégico nacional o fortalecimento do sistema brasileiro de defesa comercial, instituto legal que sob hipótese nenhuma pode ser alvo de ímpetos oportunistas de se minorar sistematicamente a sua eficiência e integralidade e expor o País ao comércio irresponsável no momento mais inoportuno possível”, comenta.
Por Wagner Gomes
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