A Vale (VALE3) adotou medidas para suspensão das operações de mineração de ferro no chamado Complexo de Itabira — minas de Conceição, Cauê e Periquito — localizadas no município de Itabira (MG) na última sexta-feira (5).
A empresa atendeu a uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que fixou uma multa diária de R$ 500 mil em caso de descumprimento. A determinação vigorará até o julgamento do mérito da ação ou até que sejam implementadas as medidas de controle para proteção à pandemia de Covid-19 determinadas pelos auditores fiscais do trabalho.
Segundo a companhia, sua projeção (guidance) de volume de produção de minério de ferro entre 310 milhões e 330 milhões de toneladas em 2020 já considera um impacto negativo de 15 milhões de toneladas em razão de eventuais impactos decorrentes do combate à Covid-19. Dessa forma, a empresa não enxergou, no momento, necessidade de revisão do guidance.
Apesar disso, diante de problemas e redução na produção com Brumadinho e agora com a Covid-19, a Vale vê o crescimento de suas concorrentes australianas (Rio Tinto e BHP) diante da crescente demanda da China pela commodity, essencial na produção de aço.
A paralisação da produção em Itabira (MG) poderia ter um impacto mais negativo caso a projeção de produção para este ano fosse revista. Por isso, sua manutenção deve suavizar os impactos negativos nas ações da Vale (VALE3) no curto prazo. No entanto, o avanço das concorrentes australianas são um ponto de atenção.
A alta de 5,5% no preço do minério de ferro, cotado a US$ 110 por tonelada na bolsa de Dalian na China, deve ter impacto positivo nas ações da Vale.
De acordo com a companhia, a paralisação das atividades em Itabira segue todos os critérios técnicos e protocolos de segurança para proteger a saúde dos trabalhadores.
Segundo a nota, até 05 de junho foram testados mais de 75% da força de trabalho da empresa no país. Em Itabira foi testada a quase totalidade da força de trabalho em regime presencial.
Apesar da manutenção da projeção (guidance), a Vale informou que poderá haver desabastecimento temporário de pelotas (minério aglomerado) para o mercado interno, enquanto permanecer a paralisação de Itabira, já que o complexo fornece minério superfino para as pelotizadoras do complexo de Tubarão, em Vitória (ES).
Enquanto isso, as mineradoras australianas BHP, Rio Tinto e Fortescue Metals Group (FMG) vêm enviando volumes recorde para a China diante das grandes interrupções ocorridas no Brasil e na África do Sul. A demanda chinesa continua forte e encaminha para aumentar à medida que as políticas de confinamento do país forem abrandadas e sua economia se recuperar.
Apesar do avanço das australianas, a demanda da China é positiva para a Vale pois o produto da mineradora brasileira tem o diferencial de ser composto por 65% de hematita. Este é o motivo do minério da Vale ser negociado a preços acima da média do mercado internacional, pois o minério de ferro da Vale tem qualidade superior à concorrência.
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