Os protestos antirracismo nos EUA aumentaram a pressão para que Joe Biden, escolhido no sábado, 6, como candidato democrata à presidência, escolha uma negra para compor a chapa. Em março, ele já havia anunciado que sua vice seria uma mulher. “Precisamos de uma chapa que represente a diversidade. E precisamos também marchar para as urnas”, disse Stacey Abrams, uma das cotadas.
Stacey perdeu por pouco a eleição para o governo da Georgia em 2018, quando teria sido a primeira negra a comandar o Estado. O nome dela tem dividido as apostas com o da senadora Kamala Harris, que disputou as primárias do partido, com a deputada Val Deming, e com a prefeita de Atlanta, Keisha Bottoms, todas negras.
Kamala foi procuradora na Califórnia. Parte da resistência ao seu nome é em razão do histórico na condução de casos criminais, o que desagrada a ala mais progressista do partido. Ao mesmo tempo, a senadora é apontada como alguém capaz de também defender o discurso de lei e ordem em Estados mais conservadores.
O histórico beneficia também Val Deming, que já foi chefe da polícia de Orlando, na Flórida. Em artigo ao Washington Post, após a morte de Floyd, ela defendeu uma ação proativa da polícia em busca de reformas para mitigar o racismo.
Já Keisha Bottoms aparecia no final das listas de candidatas a vice, mas foi a que mais ganhou força desde a morte de Floyd.
Em discurso comovente, ela afirmou que o caso a faz sofrer “como mãe”. “Sou mãe de quatro crianças negras nos EUA, uma delas de 18 anos”, disse. “Ontem, quando ouvi que havia protestos violentos em Atlanta, fiz o que uma mãe faria. Liguei para o meu filho e falei: ‘Cadê você?’.”
Um dilema dos democratas é que os protestos antirracismo são maiores em Estados já identificados com o partido, como Califórnia, Nova York e Washington. Por isso, Biden talvez escolha uma vice capaz de atrair o voto de operários brancos do Meio-Oeste, como a senadora Amy Klobuchar.
Eleita por Minnesota, Estado onde Floyd foi morto, ela era o nome mais conservador nas primárias e foi uma das primeiras a anunciar apoio a Biden.
Desde a década de 70, os presidenciáveis deixam o anúncio do vice para os dias que antecedem as convenções partidárias.
Em 2016, Hillary Clinton e Donald Trump anunciaram três dias antes. Barack Obama revelou o nome de Biden, seu vice, dois dias antes do evento, em 2008. Desta vez, Biden prometeu divulgar o nome do vice-presidente no dia 1.° de agosto – duas semanas antes da convenção democrata, que começa no dia 17, em Milwaukee. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Beatriz Bulla, correspondente
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