A Rumo (RAIL3) divulgou os números do primeiro trimestre de 2020 na quarta-feira (27), após o fechamento do mercado. O resultado foi regular, em linha com as expectativas em termos de receita líquida e geração de caixa medida pelo Ebitda, mas abaixo do esperado em termos de lucro líquido.
A partir de julho de 2019, a Rumo passou a apresentar os seus resultados considerando a Malha Central (Ferrovia Norte-Sul). Logo, todas as comparações com o primeiro trimestre de 2019 são feitas sem os efeitos da Malha Central.
A receita líquida foi afetada pela queda já esperada do volume transportado no trimestre, com recuo de 7,6 por cento em relação ao mesmo período de 2019. A tarifa também recuou 4,6% no período. Com isso a receita líquida foi de R$ 1,424 bilhão no trimestre, 13% inferior ao primeiro trimestre de 2019.
O Ebitda ajustado foi de R$ 653 milhões, queda de 18,6%, também impactado pela queda do volume e da tarifa. Apesar da boa performance em custos, a menor alavancagem operacional acarretou redução da margem de 3,2 ponto percentual para 45,9% na comparação anual.
O prejuízo líquido foi de R$ 136 milhões no primeiro trimestre, ante um lucro de R$ 27 milhões no primeiro trimestre de 2019.
O resultado pouco inspirador da Rumo no trimestre já era esperado devido à queda de volumes previamente divulgada. A principal notícia de Rumo é a conclusão do longo processo de renovação da Malha Paulista. Assim, analistas esperam impacto ligeiramente positivo no preço das ações (RAIL3) no curto prazo.
Com parte do processo de renovação da Malha Paulista, a Rumo pagou R$ 64 milhões para a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) referentes a multas que eram contestadas pela companhia. Por outro lado, serão revertidas provisões trabalhistas no valor de R$ 468 milhões no segundo trimestre de 2020, o que se traduzirá em um impacto líquido de R$ 404 milhões no Ebitda esperado para 2020.
O prejuízo líquido foi impactado por resultados financeiros piores do que o esperado, já que a Rumo registrou R$ 160 milhões em perdas não caixa com a revisão de estimativas para precificar o valor justo de operações financeiras.
Os resultados do primeiro trimestre de 2020 foram impactados negativamente por: 1) entrada tardia da safra de soja em relação ao primeiro trimestre de 2019, 2) fortes chuvas no porto de Santos, 73% acima da média para o mês; 3) acidente ferroviário em março, 4) quebra de safra de soja no Estado do Rio Grande do Sul, 5) ataque hacker sofrido na empresa e 6) queda de volumes industriais devido ao Covid-19.
A Rumo manteve o seu nível de endividamento controlado, com relação dívida líquida/Ebitda de 2,1 vezes em março de 2020.
O principal catalisador para as ações da Rumo é a conclusão de seu plano de negócios para aumentar a capacidade da Malha Paulista de 30-35 para 75 milhões de toneladas, o que combinado com a operação da Malha Central, permitirá à empresa entregar um Ebitda de longo prazo bem superior ao atual.
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