O bom humor do mercado acionário de Nova York favoreceu o mercado brasileiro nesta quarta-feira, 27, e a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou no maior patamar desde 10 de março, com alta de 2,90%, aos 87.946,2% pontos. No câmbio, o dólar ampliou o movimento de queda dos últimos dias e encerrou a sessão com baixa de 1,47%, a R$ 5,2790 – algo que não acontecia desde 17 de abril.
As Bolsas de Nova York firmaram alta, apesar do noticiário sobre o conflito entre Estados Unidos e China. Nos bastidores, o governo americano estaria considerando suspender a tarifa preferencial para exportações de Hong Kong ao país, em resposta à lei de segurança nacional que a China quer impor no território autônomo.
E com o mercado Nova York batendo recordes, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, conseguiu recuperar o patamar dos 87 mil e fechar na máxima do dia. O pregão desta quarta compensou o resultado fraco do dia anterior, quando a Bolsa fechou com baixa marginal de 0,23%, aos 85.468,91 pontos. Com os números de hoje, a B3 tem ganho de 7,03% na semana e de 9,24% em maio, mas ainda cede 23,95% ao ano.
Já com a recuperação de 10,25% de abril, a Bolsa deixou para trás um trimestre traumático, no qual acumulou perda de 36,8%. Subiram no pregão, as ações da Usiminas, com 16,33%, CVC, com 12,96% e Vale, com 2,93%.
Câmbio
Na cotação mínima, o dólar recuava a R$ 5,2718, algo que não acontecia desde o mês passado. Assim como no dia anterior, quando a moeda fechou cotada a R$ 5,3578, a recuperação do apetite por risco no exterior, motivada em boa parte pelos processos de reabertura gradual vindos de algumas das maiores economias do mundo, tem ajudado os investidores a deixar um pouco de lado a tensão entre EUA-China.
Já o real foi a moeda que mais se valorizou entre os emergentes, em meio ao afrouxamento das medidas de isolamento. Fica a expectativa sobre como o mercado vai reagir nos próximos dias após o governado de São Paulo, João Doria, anunciar um plano de reabertura para o Estado, apesar do crescente número de casos do coronavírus na região.
Cenário local
Do noticiário de Brasília, um dos destaques é que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou indícios de que um grupo de empresários financia veladamente a disseminação de fake news e conteúdo de ódio. Na decisão que autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta quarta, ele definiu como “associação criminosa” o grupo conhecido como “gabinete do ódio”, formado por assessores que tem forte influência sobre o presidente Jair Bolsonaro e suas redes sociais.
Alguns alvos dessa operação são o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL), o empresário catarinense Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamento Havan, e o blogueiro Allan dos Santos, do site bolsonarista Terça Livre.
Para além das questões políticas, o cenário do emprego no País ainda preocupa. Entre março a abril, já foram fechadas 1,1 milhão de postos de trabalho em todo o Brasil. Os dados são Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta pelo Ministério da Economia. Apenas em abril, foram 860.503 vagas, pior resultado da série história, que começou em 1992 e a maior demissão já registrada para o mês em 29 anos.
Cenário internacional
De positivo, o mercado avalia a notícia de que o Japão prepara um novo estímulo econômico de 117 trilhões de ienes (US$ 1,1 trilhão). Se for confirmado, será o segundo pacote fiscal em um mês, para apoiar empresas e famílias em meio à recessão gerada pela pandemia de coronavírus.
De negativo, o conteúdo do Livro Bege, do Federal Reserve (Fed, o BC americano), não foi muito animador. As várias análises mostram que o nível de emprego continua a recuar, gastos dos consumidores declinam, vendas de moradias despencaram e, além disso, apontam que há um pessimismo geral sobre o ritmo de recuperação da economia americana./KARLA SPOTORNO, SILVANA ROCHA E MAIARA SANTIAGO
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