Após o superávit de US$ 868 milhões em março, o resultado das transações correntes ficou novamente positivo em abril deste ano, em US$ 3,840 bilhões, informou nesta terça-feira, 26, o Banco Central. Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que a partir de março se intensificou no Brasil, reduzindo o volume de importações de produtos. A autarquia projetava para o mês passado superávit de US$ 2,0 bilhões na conta corrente.
O número de abril ficou acima do teto do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 1,162 bilhão a superávit de US$ 3,600 bilhões (mediana positiva de US$ 3,100 bilhões).
O resultado do mês passado representa o maior superávit para meses de abril na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995, e também o maior superávit na comparação com todos os demais meses.
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 6,437 bilhões em abril, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,208 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 1,557 bilhão. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 4,093 bilhões.
No acumulado do ano até abril, o rombo nas contas externas soma US$ 11,877 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit em conta corrente de US$ 41,0 bilhões em 2020. Esta estimativa, no entanto, foi divulgada no fim de março, quando os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia ainda não eram claros.
Nos 12 meses até abril deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 44,375 bilhões, o que representa 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB). Este é o menor porcentual desde setembro do ano passado (2,53%).
Lucros e dividendos
A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de apenas US$ 4 milhões em abril, informou o Banco Central. A saída líquida representa um volume bastante inferior aos US$ 2,250 bilhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.
No acumulado do ano até abril, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 6,143 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 some US$ 25,0 bilhões. Esta projeção, no entanto, havia sido divulgada no fim de março.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,575 bilhão em abril, ante US$ 1,633 bilhão em igual mês do ano passado.
No acumulado do ano até abril, essas despesas alcançaram US$ 7,791 bilhões.
Viagens internacionais
Sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 90 milhões em abril, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em abril de 2019, o déficit nessa conta foi de US$ 1,021 bilhão.
Na prática, com o dólar mais elevado e o espaço aéreo fechado em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram 91,19% em abril deste ano. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.
No domingo, 24, os Estados Unidos anunciaram a proibição de entrada de viajantes estrangeiros provenientes do Brasil.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 203 milhões – queda de 86,40% em relação a abril de 2019. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 113 milhões no mês passado, o que representa um recuo de 76,06%.
No ano até abril, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,576 bilhão.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em abril é de US$ 321,468 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2019 terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 235,734 bilhões em abril, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 85,734 bilhões no fim do mês passado.
Por Fabrício de Castro e Idiana Tomazelli
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