A Lojas Renner (LREN3) divulgou nesta quinta-feira (21), após o fechamento do mercado seus números referentes ao primeiro trimestre de 2020. Os números foram ruins, com o impacto do coronavírus acima das expectativas, o que levou à piora nas linhas mais importantes do seu resultado.
O destaque positivo foi o incremento na sua margem bruta em 0,2 pontos percentuais, fechando no patamar de 55,5%, o qual demonstra que, à despeito da pandemia, a companhia havia acertado a coleção e estava realizando uma boa gestão de estoques.
Já o destaque negativo foi seu número mais fraco de vendas, que desencadeou números ruins no resultado do primeiro trimestre de 2020. O indicador de Vendas Mesmas Lojas recuou 10,7% na comparação com o mesmo período de 2019. Isso contribuiu para a queda na receita líquida, cujo montante foi de R$ 1,55 bilhões, (baixa de 6,1% na comparação anual). As vendas no varejo físico foram comprometidas a partir de 20 de março, quando todas as suas operações foram fechadas.
Na última linha o lucro líquido foi de R$ 10 milhões, queda de 94% em relação ao primeiro trimestre de 2019.
A companhia informou que o varejo eletrônico apresentou crescimento de 33% no trimestre devido à aceleração das vendas digitais.
O resultado das Lojas Renner foi pior do que as expectativas e analistas esperam impacto negativo no preço das ações no curto prazo. Além disso, as ações LREN3 acumulam alta de 22% nesta semana, o que deve gerar um movimento de correção nos próximos dias. A alta das ações da Renner na semana se deve ao ganho futuro de créditos fiscais no montante de R$ 1,357 bilhão.
No ano as ações da Lojas Renner (LREN3) recuam 27,2 %, em linha com a queda de 28,2% do Ibovespa.
O resultado foi fortemente impactado pelo fechamento das lojas da Renner, Camicado e Youcom a partir de 18 de março. Como ela ainda não possui uma forte presença no e-commerce, as suas vendas foram duramente atingidas, o que levou à queda no seu número de receita.
Já o seu resultado operacional apresentou queda ainda maior que a receita devido ao aumento das suas despesas operacionais (+ 8,7% na comparação anual) e efeito de perda de alavancagem operacional devido à manutenção da estrutura de custos fixos num período com as vendas interrompidas pelo fechamento das lojas.
Dessa forma, o seu Ebitda Ajustado foi de R$ 110 milhões, queda de 78,8%. Além da piora nas operações de varejo, o segmento de produtos financeiros também foi atingido com maiores perdas e ao aumento no índice de cobertura da carteira.
Por fim, seu lucro líquido fechou o período em R$ 10,4 milhões, queda de 93,6%. O retorno sobre o capital investido (ROIC) caiu para 17,8% nos últimos 12 meses (23,2% no primeiro trimestre de 2019).
A companhia segue com nível de endividamento bastante adequado para fazer frente aos próximos trimestres. Ela fechou o primeiro trimestre de 2020 com R$ 768 milhões em dívida líquida com relação dívida líquida/Ebitda de 0,43x. Entre março, abril e maio, ela já levantou aproximadamente R$ 2 bilhões com empréstimos e com emissões de debêntures para reforçar seu caixa. Adicionalmente, a empresa reduziu o pagamento de dividendos (mínimo de 25%) e reduziu investimentos em 2020 para R$ 560 milhões (de R$ 910 milhões).
O catalisador das ações da Renner (LREN3) segue sendo a duração da quarentena nos grandes centros, bem como o ritmo de recuperação na confiança do consumidor e nas vendas do varejo físico. Segundo a empresa, apenas 18% das suas lojas estão abertas no momento.
Acreditamos que mesmo com a reabertura das lojas, a retomada nas vendas será mais lenta e o resultado do segundo trimestre de 2020 da Renner será bastante afetado.
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