Marfrig (MRFG3) divulgou o resultado do primeiro trimestre de 2020 na segunda-feira (18), após o fechamento do mercado. Os números vieram acima das expectativas em termos de Ebitda e de margens operacionais, mas abaixo do esperado em termos de lucro líquido e geração de caixa.
O resultado líquido foi afetado pelo efeito da variação cambial, que não tem impacto no caixa da companhia, e pelo pré-pagamento de títulos que iriam vencer em 2023.
Os destaques positivos foram os resultados das unidades de negócio na América do Norte e na América do Sul, ambas com aumento na receita e melhora nas margens operacionais. Essa melhora refletiu nos resultados operacionais apresentados com Ebitda atingindo R$ 1,2 bilhões, crescimento de 109,3% no ano contra ano, e margem Ebitda consolidada de 9,1%, aumento de 3,6 pontos percentuais no ano contra ano.
O destaque negativo ficou o consumo de caixa e o aumento do nível de endividamento. O resultado que foi impactado pelo pagamento de linhas de capital de giro, mais onerosas, de R$ 938 milhões e bônus para os executivos da operação da National Beef de R$ 759 milhões (efeito caixa neste trimestre, porém teve seu impacto nos demonstrativos do último trimestre), contribuíram para queima de caixa de aproximadamente R$ 1 bilhão. O pagamento das linhas de capital de giro, principalmente, é positivo, pois reduz as despesas com o pagamento de juros.
O resultado líquido da companhia também foi outro número negativo, porém não muito relevante devido ao fato de não apresentar efeito caixa nos números da companhia. O impacto se deveu, principalmente, ao fato de a empresa ter suas dívidas atreladas ao dólar, moeda principal de suas transações, como tivemos uma forte variação do dólar no período, por questões contábeis, a empresa precisa passar essa variação em seu resultado, o que acabou impactando a última linha.
Embora o resultado na última linha tenha sido de prejuízo, o Ebitda e as margens operacionais foram positivas e devem prevalecer na interpretação dos resultados pelo mercado. Analistas esperam impacto positivo no preço das ações da Marfrig (MRFG3) no curto prazo, pois a companhia mostrou um bom resultado operacional, mesmo com impacto na geração de caixa e no lucro líquido.
A empresa reportou uma receita líquida de R$ 13,5 bilhões, um incremento de 27% ante o mesmo período de 2019. Além do câmbio, tivemos um aumento de volume vendido e uma melhoria do mix de produtos mais favorável.
O Ebitda consolidado foi de R$ 1,2 bilhões, um crescimento de 109% em comparação ao primeiro trimestre de 2019. A margem Ebitda foi de 9,1% contra 5,5% do mesmo trimestre de 2019, o aumento da margem se deveu principalmente pelo aumento das exportações nas unidades da América do Sul e um aumento no spread nas vendas na América do Norte (melhora no mix de produtos).
O resultado foi impactado pela maior despesa financeira, que totalizou R$ 1,1 bilhões, número bem acima dos R$ 573 milhões do primeiro trimestre de 2019. O aumento foi por conta do efeito cambial na dívida em dólar (US$ 632 milhões) e outras despesas envolvendo o pré-pagamento de dívidas.
A dívida líquida saiu de R$ 13,3 bilhões em março de 2019 para 19,38 bilhões no fim de março/20. Esse aumento da dívida é explicado variação cambial, pelos impactos no caixa dos pré-pagamentos de dívidas e o desembolso dos bônus para operação da América do Norte. Com isso, a relação dívida líquida/Ebitda fechou o primeiro trimestre de 2020 em 3,56 vezes, acima dos 2,77 vezes de 2019. Em dólares a relação se manteve praticamente estável em 2,84 vezes.
A Marfrig apresentou números operacionais fortes em suas unidades de negócios e teve seu resultado impacto por alguns fatores não recorrentes, como pré-pagamento de dívidas e forte redução de operações de capital de giro. A alavancagem ainda não preocupa, porém a empresa precisa transformar em caixa os fortes resultados operacionais para que, além de não preocupa ela seja um alívio.
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