Após a defesa abrir mão do sigilo, o depoimento na íntegra do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi divulgado no fim da tarde de ontem e acabou minimizando os ganhos do Ibovespa no pregão desta terça (5).
Em termos de conteúdo, o depoimento não trouxe nada de novo – que já não tenha sido afirmado pelo próprio juiz em sua coletiva de demissão ou mesmo divulgado pela mídia desde o último sábado, dia em que Moro compareceu à Polícia Federal para relatar sua versão dos fatos. De acordo com a declaração do juiz, Bolsonaro teria o pressionado mais de uma vez para trocar o comando da superintendência do Rio de Janeiro e também a Diretoria-Geral da PF.
A íntegra do depoimento reforça que Moro teve desentendimentos com Bolsonaro, alegando interferência do presidente no órgão pertencente ao seu ministério, e que também não assinou a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Ainda, o ex-ministro citou algumas ocasiões em que teria discutido as eventuais mudanças no órgão na presença de outros integrantes do governo, inclusive tendo sido ameaçado de demissão por Bolsonaro em uma delas.
Moro também ressalta que jamais negou passar ao presidente informações sobre investigações em curso feitas pela PF – desde que respeitados os limites da lei. O juiz elencou nove possibilidades de prova para fundamentar suas declarações, mas se eximiu de apontar qual crime Bolsonaro teria cometido. Segundo ele, esse papel cabe “às instituições competentes”.
Apesar de não conter grandes novidades da novela Moro-Bolsonaro, o depoimento dá mais detalhes sobre o processo de sua demissão, cita nomes que podem ser posteriormente intimados a depôr e cita algumas frases mais concretas, do próprio presidente, que poderiam demonstrar a intenção de interferência política na PF.
Nesse contexto, a tensão política voltou a se elevar, impactando o mercado doméstico. A tendência é que o humor dos investidores varie conforme novas notícias envolvendo o inquérito no STF apareçam.
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