Desde o final de fevereiro, os mercados internacionais vêm sofrendo quedas relevantes por conta da pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19. A disseminação da doença gera incertezas em relação ao impacto total de todo esse cenário nas economias ao redor do mundo. A partir disso, o mês inteiro de março e a primeira quinzena de abril são marcados por um efeito gigantesco de ‘sobe e desce’ nos índices.
Isso quer dizer que, após cair em um dia, o índice do mercado financeiro, de qualquer país, em todos os continentes, pode ter alguns níveis de recuperação nos pregões seguintes. O grande problema é que essa recuperação, que pode durar um, dois, até mais dias, dificilmente recupera todas as perdas que aconteceram no pregão com desempenho negativo. E é exatamente essa tendência que está acontecendo com os mercados de Ásia e Europa nesta quarta-feira, 15.
Na Europa, por exemplo, o índice que mede os mercados dos países de forma única é o pan-europeu – existem também os medidores de cada país. O pan-europeu Stoxx 600, como é chamado, teve ganhos por cinco dias seguidos. Mas, por conta das previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que afirma que o PIB mundial deve encolher 3% em 2020, sendo que, no começo do ano, a previsão era de expansão de 3,3%, os índices passaram a cair e, nas primeiras horas de negociações, têm queda generalizada.
Às 4h12, no horário de Brasília, a Bolsa de Londres caía 0,22%, a de Frankfurt recuava 0,58% e a de Paris se desvalorizava 0,33%. Em Milão, Madri e Lisboa, as perdas eram de 0,38%, 0,62% e 0,88%, respectivamente. Já o Stoxx 600 tinha baixa de 0,25%.
Já na Ásia, o cenário não está tão homogêneo. Os países têm tido resultados diferentes entre si, mas, ainda assim, mantêm o “sobe e desce”. Nesta quarta, a maior queda entre os mercados asiáticos foi em Hong Kong (-1,19%), seguida de China (-0,57%) e Japão (-0,45%). Taiwan (1,11%) e Coreia do Sul (1,72%) tiveram deempenhos positivos nesta quarta.
Mercados internacionais, petróleo e o coronavírus
Os mercados internacionais têm sofrido os impactos da pandemia do coronavírus por meio dos índices em queda. A fórmula não é tão complicada. Há inúmeras empresas listadas em Bolsas ao redor do mundo. Cada uma delas tem um impacto diferente da pandemia, mas grande parte delas tem um em comum: a queda na receita após a quarentena.
Além da queda na receita, tem fatores mais específicos. Vamos analisar a Petrobrás, por exemplo, estatal brasileira de petróleo. A commodity sofre uma crise de demanda, ou seja, não está se comprando petróleo como antes. Logo, como se tem estoque, o preço cai.
Além disso, Arábia Saudita e Rússia entraram em uma “guerra de preços” em março, com a Arábia aumentando a produção, o que aumenta os estoques e faz a cotação do barril cair ainda mais, chegando ao ponto de se negociado até abaixo de US$ 20. Essa cotação mínima está acontecendo novamente nesta quarta, para o WTI, mas por outra razão. Os contratos futuros do petróleo passaram a operar em forte baixa após a Agência Internacional de Energia (AIE) prever que a demanda global pela commodity vai sofrer queda recorde de 9,3 milhões de barris por dia (bpd) em 2020. Em relatório mensal, a AIE também avalia que medidas anunciadas recentemente pela Opep+ e G20 não irão reequilibrar os mercados “de imediato”.
Às 5h30 (de Brasília), o petróleo WTI para maio caía 3,08% na New York Mercantile Exchange (Nymex), a US$ 19,49 o barril, enquanto o petróleo Brent para junho recuava 4,80% na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 28,18 o barril.
Logo, voltando ao caso da Petrobrás, por conta dessa situação, a estatal, que tem como especialidade o petróleo, acaba sofendo grande impacto no valor de mercado. Além disso, se pegarmos a Bolsa brasileira, por exemplo, em que a Petrobrás tem um grande peso no Ibovespa, principal índice do mercado de ações do país, isso acaba levando o índice lá para baixo, com quedas significativas.
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