Em março de 2020, as exportações chinesas recuaram 6,6% em dólares em relação ao mesmo mês de 2019. À primeira vista essa não é uma boa notícia. No entanto, o prognóstico dos economistas era de uma queda de 14% nas exportações chinesas nesse período. Assim, o resultado mostra um cenário melhor do que o previsto para a saída da economia chinesa das restrições do coronavírus.
Foi o bastante para justificar uma alta das ações em diversos pregões na Ásia e na Europa. A Bolsa de Xangai fechou em alta de 1,59% e, em Seul, o índice coreano Kospi avançou 1,72%. A alta no Japão foi mais expressiva, com o Nikkei encerrando 3,13% acima do fechamento anterior. Os índices europeus também avançaram. Na Alemanha, o Dax está em alta de 1,05% e, na Inglaterra, o FTSE apresenta uma leve valorização de 0,1%.
Os contratos futuros de Ibovespa estão começando os negócios acima de 80 mil pontos, com uma alta de 1,43%, e os contratos futuros do índice Standard & Poor’s de 500 ações sobem 1,5%, acima de 2.800 pontos
Os números do comércio exterior chinês mostraram a resiliência da economia do país asiático. Em março, as importações caíram 0,9%, um resultado muito melhor do que a queda esperada, que era de 9,8%. Os dados indicam que as cadeias de suprimentos globais foram menos prejudicadas do que o esperado, e que o reinício econômico gradual da China está ocorrendo.
O resultado mostrou que a economia chinesa é mais resiliente e flexível do que parecia. Com a desaceleração econômica devido às medidas de contenção da pandemia, a economia europeia desacelerou em março. Apesar disso, e do impacto do Brexit, a China conseguiu reorientar parte de suas exportações para países do Sudeste Asiático, cuja importância como parceiros comerciais chineses cresceu nos últimos meses.
O mercado também está animado com os primeiros resultados corporativos que foram divulgados com relação ao primeiro trimestre. A Johnson & Johnson, maior empresa farmacêutica americana, divulgou um lucro de US$ 2,30 por ação no primeiro trimestre deste ano, alta de 9,5% em relação aos US$ 2,10 do mesmo período do ano passado, e acima da projeção, que era de US$ 1,99. A companhia também anunciou um aumento de 6,3% nos dividendos, que vão subir para US$ 1,01 no primeiro trimestre.
INDICADORES – O Banco Central (BC) divulgou, na manhã desta terça-feira (14), o IBC Br de fevereiro, mostrando uma alta de 0,28%, ante queda de 3,17% em janeiro. O resultado também foi melhor do que a retração de 0,25% registrada em fevereiro de 2019. Os números são os observados, sem os ajustes sazonais. O IBC Br é uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, calculada pelo BC. O resultado mostra que o PIB brasileiros, na avaliação do BC, não foi atingido pesadamente pela pandemia em fevereiro, o que mostra sinais mais positivos para a economia.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou uma prévia extraordinária das Sondagens de Confiança Empresarial, com dados coletados até o dia 13 deste mês. A prévia sinaliza fortes quedas nos índices de confiança em abril de 2020. Em relação ao número final de março, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) poderia recuar 27,6 pontos, para 53,7 pontos. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) cairia 22,1 pontos, para 58,1 pontos.
Em ambos os casos, os resultados preliminares representariam os menores níveis da série histórica. Houve forte recuo da confiança em todos os quatro grandes setores integrantes do ICE. As maiores quedas ocorreram nos setores da Indústria e Serviços, em que a confiança caiu 39,0 e 34,9 pontos, respectivamente. A Construção e do Comércio registraram variações negativas de 29,1 e 26,8 pontos, respectivamente.
O desempenho da economia chinesa e os primeiros resultados corporativos mostram um momento de distensão do mercado após semanas de tensão devido à incógnita do impacto das medidas de contenção da pandemia sobre o desempenho econômico. Os dados ainda são preliminares e poucos, e devem ser considerados com cautela. Mas são boas notícias sob qualquer ponto de vista.
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