Estreitamente conectado com o movimento nos mercados acionários de Nova York pelas últimas quatro sessões, esta quinta-feira, 9, foi a frustração das perspectivas que vinham se formando sobre o maior corte na produção do petróleo e, portanto, resultando em uma queda forte da cotação da commodity, que teve força para fazer o Ibovespa inverter o sinal positivo que vinha ostentando ao longo da sessão de negócios. As ações Petrobras, com peso em torno de 10% na carteira teórica, foram o carro-chefe da baixa que, ao final do dia, arrastou suas pares blue chips.
Assim, o índice à vista encerrou a sessão de negócios desta quinta-feira, véspera de feriado, amargando perdas de 1,20%, aos 77.681,94 pontos – bem próximo da mínima do dia (77.456,86%). Ainda assim teve o maior ganho semanal acumulado, de 11,71%, desde o mesmo período encerrado em 4 de março de 2016, quando subiu 18,01%. O avanços nos últimos dias ocorre em meio aos pacotes de estímulo anunciados – hoje, por exemplo, o Federal Reserve disponibilizou mais de US$ 2 trilhões em linhas de crédito e o Banco Central do Brasil alterou regras para liberar recursos aos bancos – bem como em reação a sinais de desaceleração no número de novos casos de coronavírus na Europa.
Reflexo da queda dos contratos futuros de petróleo no exterior, as ações da Petrobras tiveram queda de 3,66% nas ordinárias e de 2,89% nas preferenciais. Do restante dos papéis de primeira linha, queda significativa apenas Itaú Unibanco PN (-2,81%), muito embora todas tenham fechado no vermelho.
“Nessa última semana o mercado acionário estava 100% focado em NY. Era copia e cola. Aí veio essa queda do barril do petróleo de novo, bateu na Petrobras e puxou o resto”, disse Marco Tulli, superintendente de mesas de operações da Necton. No entanto, ao final da sessão, enquanto NY conseguiu forças para se recuperar e salvar a sessão no positivo, o Ibovespa aprofundou as perdas.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio encerrou em queda de 9,28%, a US$ 22,76, depois de ter chegado a atingir máxima intraday de US$ 28,36. Já o Brent para junho caiu 4,11%, a US$ 31,48, na Intercontinental Exchange (ICE).
Para Alexandre Espírito Santo, economista da Orama Investimentos, apesar das altas que vem mostrando o Ibovespa, o cenário ainda está muito frágil. “Se olhar as últimas quatro semanas, toda sexta-feira o mercado cai, porque não quer passar muito tempo sem notícia”, ressalta.
Tulli, da Necton, afirma não ver na baixa de hoje um comportamento de cautela por parte dos investidores, principalmente porque, amanhã, feriado pela sexta-feira Santa, nem Ibovespa nem Dow Jones vão operar. “Isso reduz a pressão sobre um ‘gap’ que poderia haver para os mercados acionários na segunda-feira”.
Segundo Espírito Santo, há motivos para um cenário de um pouco mais de bom humor, com a continuidade de anúncios de medidas por uma série de governos e bancos centrais, principalmente o Federal Reserve (Fed). “Aqui também o Banco Central faz algo, dando uma oxigenada no crédito, com a possibilidade de compra de debêntures”, citou.
Para o economista da Orama, também a temperatura política reduziu nos últimos dias em relação à semana passada, muito embora os ruídos sobre a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tenham mexido com os mercados. “Os mercados vão precisar de um tempo para digerir como será essa recessão e o que virá depois dela”, afirma.
Para a próxima semana, o Termômetro Broadcast Bolsa mostra que, a exemplo da edição passada, as expectativas para o desempenho da Bolsa na próxima semana continuaram equilibradas. Entre 21 participantes, 42,86% disseram acreditar que o período entre 13 e 17 de abril será de ganhos para o Ibovespa, ao mesmo tempo que 28,57% esperam uma semana de perdas. Para outros 28,57%, o índice fechará o intervalo com variação neutra acumulada. No último levantamento, 40,00% esperavam alta para as ações na presente semana; 30,00%, estabilidade; e outros 30,00%, queda.
Por Simone Cavalcanti
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