A crise econômica decorrente do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus já reduziu o faturamento de nove em cada dez pequenos negócios brasileiros. Com boa parte do comércio e praticamente todos os serviços paralisados como forma de conter a propagação da covid-19, as menores firmas têm tido dificuldades em fechar as contas.
De acordo com pesquisa realizada no fim de março pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 89,2% dos 17,2 milhões de pequenos negócios do País apresentaram redução nos valores vendidos durante a crise.
Decretos estaduais e municipais têm restringido a atividade econômica, mantendo o funcionamento apenas de setores essenciais, como farmácias, padarias, mercados e oficinas mecânicas. Restaurantes e lanchonetes têm funcionado apenas para entregas. As medidas são criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro, mas recomendadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a melhor maneira de evitar a propagação da doença no País.
Com menos movimento das ruas e shoppings, a queda no faturamento dos pequenos negócios tem sido brutal. De acordo com a pesquisa do Sebrae, a redução média das vendas em uma semana com medidas de isolamento social é de 69,3% em relação uma semana normal de funcionamento. Dois terços das menores empresas têm faturado menos da metade dos valores a que estão acostumados.
A pesquisa mostra que apenas 3,2% das menores firmas do País não sentiram mudança perceptível no trabalho e somente 2,5% dos microempresários ouvidos registram aumento do movimento no período. Para essa minoria que percebeu um crescimento na demanda durante a crise, o aumento médio no faturamento foi de 21,1%.
Participação
Com menor capacidade para atravessarem a crise, as micro e pequenas empresas (MPEs) podem perder participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. De acordo com o Sebrae, o segmento das menores companhias já é responsável por mais de 30% dos bens e serviços produzidos no País desde 2017. “O Sebrae está procurando amparar o máximo possível as micro e pequenas empresas, estimulando o comércio de bairro, o comércio local. Querendo ou não, 30% da riqueza do Brasil está nesse time”, afirma o presidente da entidade, Carlos Melles.
Segundo o dirigente, o Sebrae tem negociado com grandes cadeias de fornecedores e de logística para obter mais prazos de pagamento para os pequenos negócios. “Muitos distribuidores já estão dando de 90 a 180 dias para pagar nessa travessia da crise. Vamos ver se passamos esse temor até o fim de maio para as coisas voltarem ao normal”, completa.
Melles lembra que as micro e pequenas empresas concentram 66% dos empregos no comércio, 48% nos serviços e 43% na indústria. “Quando o governo soltava dados de recuperação dos empregos até o ano passado, 80% a 85% vinham das pequenas empresas. Como o negócio é pequeno, empregado é de confiança, normalmente do seu círculo de intimidade. Isso cria um vínculo de segurança. Fica difícil para dispensar esse empregado”, avalia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Eduardo Rodrigues
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