O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, o primeiro líder mundial a declarar que estava infectado com o coronavírus, acabou sendo levado ontem à noite para a UTI depois que seus sintomas da doença pioraram. Nesta manhã, a imprensa britânica informa que ele teve dificuldades respiratórias e recebeu oxigênio, mas que não usou um ventilador mecânico. Seu quadro não se alterou – nem para melhor nem para pior -, o que mantém a atenção da nação sobre o premiê. Nenhuma declaração oficial foi feita neste sentido até o momento. O estado de saúde de Johnson é a manchete de todos os sites locais – dos tabloides mais sensacionalistas ao econômico Financial Times.
O site do Sistema Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) explica que as unidades de terapia intensiva são para aqueles que estão “gravemente doentes” ou se recuperando de uma cirurgia. E acrescenta: “A maioria das pessoas em uma UTI tem problemas com um ou mais órgãos. Por exemplo, eles podem não conseguir respirar por conta própria.”
Ainda não está claro se o premiê de 55 anos precisará de um respirador. Para usar o aparelho, o paciente precisa ser sedado. Nesta manhã, o Duque de Lancaster e ministro do gabinete, Michael Gove, que tem sido um dos porta-vozes do governo conservador, foi perguntado por jornalistas sobre se Johnson estaria com pneumonia. “Não estou ciente disso”, limitou-se a responder.
O primeiro-ministro comunicou que estava com a Covid-19 no dia 27 de março e se autoisolou desde então, informando que continuaria a governar o país com a ajuda de sua equipe por meio de ferramentas tecnológicas. No domingo à noite, no momento em que a rainha Elizabeth II fazia sua declaração extraordinária ao país sobre o coronavírus, o primeiro-ministro foi levado ao Hospital St Thomas, no centro de Londres, para exames, já que havia “persistência” de febre e tosse. O Número 10 de Downing Street, o endereço oficial do governo, informou que se tratava de um procedimento de “precaução”, pois o líder britânico passaria por “testes de rotina” após ser diagnosticado com a doença dez dias antes. Johnson chegou a tuitar ontem, dizendo que estava “de bom humor”, mas durante a tarde o clima em Downing Street ficou mais tenso.
Começaram a surgir na imprensa local avaliações de que o quadro de saúde de BoJo, como é conhecido, deveria ter piorado porque não se removeria um premiê ao hospital se a situação não tivesse se agravado. Com o líder hospitalizado, vários representantes do governo foram a público dizer que ele estava consciente e que ainda era o comandante do país. Ontem à tarde, no entanto, seu estado de saúde piorou e, à noite, ele foi removido à UTI caso necessitasse de um respirador.
Johnson pediu a Dominic Raab, primeiro secretário de Estado, que o substituísse “conforme necessário”. Mas Gove se recusou a dizer se o ministro de Relações Exteriores desempenharia as funções executivas mais amplas do premiê enquanto ele permanecesse na terapia intensiva. Isso incluiria o direito de contratar e demitir ministros, bem como os principais deveres relacionados à segurança nacional do país, como controle nuclear do Reino Unido. “O primeiro-ministro continua sendo o primeiro-ministro”, disse Gove ao programa Today da BBC hoje pela manhã. Raab disse que a última vez que falou com o seu chefe foi no sábado.
De acordo com a mídia local, sua ida ao St Thomas teria ocorrido com relutância, mas com a insistência de ministros que teriam percebido durante uma reunião virtual no domingo que ele estava mais debilitado. Johnson já passou por vários testes para verificar seus níveis de oxigênio, contagem de glóbulos brancos e função hepática e renal, segundo os médicos. Ele também deve realizar um eletrocardiograma para verificar seu coração. A médica Sarah Jarvis disse à BBC logo depois que foi internado no domingo que faria radiografias no peito e nos pulmões, que é o procedimento para quem está com dificuldades para respirar.
Enquanto o Reino Unido reza pela rápida recuperação de Johnson, com a hashtag PrayForBoris subindo para os trend topics locais, a equipe de estratégia de combate ao coronavírus se prepara para fornecer na próxima semana à população seu veredicto em relação à quarentena no país. Os ministros discutem como e quando podem começar a relaxar o bloqueio, apesar de insistirem que sua prioridade no momento é a de reduzir o número de infecções e mortes pelo vírus.
Por Célia Froufe, correspondente
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