“Fujam para as montanhas”. Muitos britânicos têm seguido à risca um conselho dos tempos bíblicos para escapar do coronavírus. O local escolhido parece ser as Terras Altas, território isolado no norte da Escócia, que tem recebido viajantes que fogem de Londres e de outras cidades infestadas pela pandemia. Os tabloides já batizaram os fujões de “covidiotas”.
Só que eles não são bem-vindos. A mensagem dos moradores é simples: “Vão embora”. Angus MacNeil, deputado de Hebrides, arquipélago no extremo norte escocês, publicou fotos que mostram um hospital vazio. “Isso não está longe do terceiro mundo”, tuitou. “Sem respiradores, sem oxigênio, sem testes. Ilhas como esta podem ser gravemente afetadas. Não venham de férias, por favor.”
Na segunda-feira, 23, os deputados britânicos criticaram as “férias de autoisolamento”. Ian Blackford, líder do Partido Nacional Escocês, reclamou. “Recebi mais de mil e-mails no fim de semana de eleitores apavorados com o que está acontecendo”, disse. “Os turistas devem voltar e ficar em casa.”
Com mais de 6 mil casos registrados e mais de 300 mortos, o governo britânico pede que “as pessoas evitem todas as viagens domésticas, a menos que sejam essenciais”. No domingo, 21, o Departamento de Saúde esclareceu que as “viagens essenciais” não incluem “visitas a outras propriedades, parques ou caravanas para isolamento ou férias”.
As montanhas do Parque Nacional Snowdonia, no País de Gales, registraram engarrafamentos no domingo, com estacionamentos abarrotados de carros. O movimento foi tão assustador que fez o governo galês tuitar a seguinte mensagem: “Visite o País de Gales. Mais tarde.”
Enquanto isso, carros, vans e trailers continuam chegando às regiões mais isoladas do Reino Unido. “Por favor, não usem as Terras Altas como local de autoisolamento”, pediu Kate Forbes, secretária de Finanças da Escócia. Resta saber se os “covidiotas” vão entender a mensagem. (Com agências internacionais)
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