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Obras podem parar em 11 municípios de São Paulo

(Foto: Divulgação / Josue Isai Ramos Figueroa)

Obras e outras atividades do setor de construção civil na capital e em mais dez cidades do Estado de São Paulo poderão ser paralisadas total ou parcialmente, para assegurar a saúde e a segurança dos trabalhadores, com possibilidade de redução do salário em até 25%, conforme aditivo à convenção coletiva do setor, assinado pelo Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sintracon-SP) na sexta-feira (20).

Assinado pelo presidente do Sinduscon-SP, Odair Senra, e pelo presidente do Sintracon-SP, Antonio Ramalho, o documento permite que empresas do setor adotem medidas em resposta à pandemia de coronavírus até 30 de junho.

Os trabalhadores terão garantia de estabilidade enquanto houver paralisação. A redução salarial será revogada assim que o aditivo for extinto.

Conforme os termos do documento, passa a ser possível a concessão de férias coletivas ou individuais com a notificação prévia de dois dias. Outras duas possibilidades são a licença remunerada durante a quarentena com compensação pelo trabalhador dos dias parados e a adoção do regime de trabalho remoto na residência do empregado, conforme a atividade e o acordo entre empresa e trabalhador.

De acordo com analistas, a notícia é negativa para as ações do setor de construção civil no curto prazo sobretudo para as empresas com foco em São Paulo. O setor vivia o seu alinhamento de estrelas: nível baixo de taxa de juros, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), melhores níveis de emprego e renda, com melhora da confiança do consumidor e disponibilidade de crédito imobiliário. Agora, este alinhamento se desfez ao menos no curto prazo e o setor terá a velocidade de sua retomada reduzida.

Com os estandes de vendas dos imóveis deixando de ser visitados, a consequência será um impacto negativo nas vendas a partir do último fim de semana. Entretanto, as empresas concentraram boa parte dos seus lançamentos no quarto trimestre para aproveitar o forte momento do setor imobiliário. Felizmente, neste caso, as obras deverão começar apenas no segundo semestre de 2020, mas algumas obras em andamento poderão ser muito afetadas pelas quarentenas.

O impacto no setor de construção civil, que amargou cinco anos de queda no PIB, dependerá da intensidade da desaceleração da economia brasileira, movimento que se intensificou recentemente. Neste momento, a estimativa no PIB se situa entre crescimento zero e retração de 1% em 2020.

O momento é de cautela e conservadorismo, ainda mais no setor de construção civil, que tem ciclo longo e mais risco. Nesse cenário de maior incerteza, o melhor, segundo analistas, é ter ações de empresas que possuem baixo nível de endividamento e sólida posição de caixa.

O principal catalisador das ações do setor de construção civil é o nível de liquidez das empresas, com foco no vencimento de dívidas corporativas no curto prazo e posição de caixa das empresas.

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