Os moradores de Paraisópolis, segunda maior favela da cidade de São Paulo, tentam organizar um plano independente para conter as infecções pelo novo coronavírus. A mobilização teve de ser acelerada neste fim de semana, após líderes comunitários serem informados sobre cinco casos confirmados na comunidade, além de 315 suspeitos na região do Campo Limpo, onde fica a favela.
São 100 mil moradores em toda a comunidade. Desses, 25 mil têm acima de 60 anos. Consultada, a Secretaria Estadual de Saúde disse que não pode confirmar dados pessoais sobre pacientes, nem confirmar se houve casos em Paraisópolis. O relato de internações entre moradores, e o crescimento de casos suspeitos em isolamento, alarmou os líderes comunitários.
“Vai morrer muita gente em Paraisópolis, a situação é mais grave do que a gente imagina”, diz Gilson Rodrigues, que administra a União de Moradores e do Comércio local. Ele cobra uma política de prevenção para a periferia. As condições de moradia, acesso a água e a produtos de higiene devem agravar a transmissão do coronavírus na favela. A associação quer recrutar 420 voluntários para vigiar os 21 mil domicílios do local.
“As condições em que eles vivem são extremamente favoráveis à disseminação de doenças respiratórias”, diz o epidemiologista Eliseu Waldman.
Questionado, o governo estadual disse que as medidas anunciadas valem para toda a população. A Prefeitura passou a usar carros de som com alertas de orientação na periferia assim como assistentes sociais conversam com moradores e distribuem álcool gel e máscaras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Tulio Kruse
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