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Banco Central anuncia medidas para conter recessão

(Foto: Divulgação)

A segunda-feira (23) começou agitada em Brasília. O Banco Central (BC) anunciou, logo cedo, medidas para estimular a concessão de crédito, garantir a liquidez e a solvência do sistema financeiro e atenuar os efeitos danosos da epidemia do coronavírus sobre a economia.

Em uma coletiva virtual apresentada na manhã da segunda-feira, Roberto Campos Neto, presidente do BC, disse que a crise gerou uma forte incerteza, o que provocou uma desaceleração da economia global, e isso afetou tanto pessoas físicas quanto empresas.

Campos Neto disse que o sistema financeiro está sólido em termos de capital principal e em termos de aderência aos índices de Basileia, e também em termos de provisão referente a empréstimos problemáticos.

O presidente do BC disse que, em momentos de stress, a principal função da autoridade monetária é garantir o bom funcionamento dos mercados e permitindo que os bancos possam rolar facilmente as dívidas dos clientes.

A principal medida foi a redução da alíquota dos depósitos compulsórios sobre recursos a prazo de 25 por cento para 17 por cento. Segundo o BC, a medida é temporária, visa aumentar a liquidez do sistema financeiro e faz parte do conjunto de ações para minimizar os efeitos do coronavírus sobre a economia brasileira. A estimativa do BC é que a mudança resulte numa liberação de 68 bilhões de reais a partir do dia 30 de março. Em 14 de dezembro, caso a economia tenha atravessado a pandemia do Covid-19, a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo vai voltar aos 25 por cento anteriores.

O BC adotou mais duas medidas:

– o retorno das captações com Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) para os bancos. Criado na crise de 2008, o DPGE funcionou como uma proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) aos bancos. Os bancos poderão captar o valor total de seu patrimônio líquido por meio do DPGE, e as emissões poderão ocorrer até o início de 2022.

– os bancos poderão captar recursos no BC garantidos por debêntures que serão emitidas entre 23 de março e 30 de abril.

Segundo Campos Neto, o BC estuda a concessão de empréstimos lastreados em Letras Financeiras emitidas com base em empréstimos concedidos pelos bancos, o que pode liberar 670 bilhões de reais em créditos.

Tudo isso vem em linha com a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que reduziu os juros de 4,25 por cento para 3,75 por cento. Segundo a ata, se a ociosidade econômica pode gerar uma inflação abaixo do esperado, fatores como a deterioração do cenário externo ou frustrações em relação à continuidade das reformas podem elevar os prêmios de risco e elevar a inflação. A edição mais recente do boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, mostra que a estimativa do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) caiu para 1,48 por cento ante os 1,68 por cento.

INTERNACIONAL
A atuação do BC veio em um momento de mais tensão para os mercados internacionais. No domingo, a oposição democrata no Senado americano bloqueou a aprovação de um pacote de ajuda de 2 trilhões de dólares para sustentar a economia americana. Os democratas afirmaram que a legislação falhou em proteger adequadamente os trabalhadores ou impor restrições estritas o suficiente às empresas resgatadas.

Os economistas americanos dizem que há pouca dúvida de que o país está entrando em recessão. Mas é mais difícil prever o fundo ou prever quanto tempo levará para voltar. A força da queda e o quase fechamento das grandes cidades é algo inédito, mais parecido com a privação em tempo de guerra do que com a desaceleração que acompanhou a crise financeira há mais de uma década, ou mesmo a Grande Depressão. Segundo os economistas, as empresas menores serão atingidas com mais força do que as grandes porque têm acesso limitado ao crédito e menos dinheiro no banco. E o desemprego americano pode atingir 10 por cento em abril, um nível nunca visto desde o pior momento da última recessão.

Para analistas, as medidas do BC trouxeram um suspiro de alívio para o mercado. Logo na abertura, os contratos futuros de Ibovespa estavam em alta de 3,4 por cento, em uma recuperação dos preços. No entanto, não se descarta uma forte volatilidade ao longo do dia.

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