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Passageiros do exterior entram sem triagem em aeroportos

Enquanto o novo coronavírus avança sobre o País, nos aeroportos internacionais de Brasília e Guarulhos, por onde passam diariamente 165 mil pessoas, não tem sido feita triagem ou sequer verificação mais cuidadosa da situação dos passageiros que chegam da Europa e dos Estados Unidos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) admitiu ao jornal O Estado de S. Paulo que “não há indicação de fazer qualquer tipo de controle de temperatura nos viajantes”.

No restante do mundo, o protocolo tem sido outro: na China, na Itália, na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, onde já foi registrado um total de 133 mil infectados e 6,4 mil mortes, a medição da temperatura de passageiros vem sendo adotada em aeroportos para conter a doença.

O governo do Distrito Federal chegou a anunciar na semana passada que bombeiros fariam triagem dos passageiros no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, prevendo até o uso de câmeras térmicas e equipamentos de análise biológica do ar.

De acordo com o Palácio do Buriti, no entanto, o protocolo do Ministério da Saúde impediu “que os bombeiros fizessem as ações nas áreas predeterminadas”. A alternativa será realizar agora as análises térmicas dos passageiros na área pública de desembarque do aeroporto.

Passageiros ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo informaram que retornaram a Brasília nesta semana sem passar por nenhum tipo de procedimento especial.

Um funcionário de um banco estatal, que pediu para não ser identificado, disse que esperava o “maior aparato” ao chegar dos Estados Unidos, mas alegou que a única orientação recebida ao desembarcar em Brasília foi um aviso de dentro do próprio avião.

Em São Paulo, a mesma situação foi vivenciada pela servidora Laura Gracindo, que acaba de voltar de férias da Espanha, que já registra 14.535 casos de infecções e 630 mortos. “Foi uma chegada normal como qualquer outra, a diferença é que na hora de passar pela alfândega pedem para as pessoas abaixarem as máscaras para a análise da câmera. E tem o sistema de som que fica repetindo que, se você tiver os sintomas, deve procurar o sistema de saúde. O único aviso é esse nos alto-falantes”, relatou.

Eficácia

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou. Na segunda-feira, o titular da pasta, Luiz Henrique Mandetta, levantou dúvidas sobre a eficácia da medição de temperatura de passageiros. “O início desse quadro gripal é muito mais de sintomas vagos, dor no corpo, um pouco de coriza, arranhando a garganta. Agora, o período de incubação é de 3 a 7 dias, com pico no quinto dia. Então, o primeiro, segundo, terceiro você está totalmente sem febre”, afirmou Mandetta.

Diante disso, o ministro questionou “você investir milhões para colocar um termômetro em cada um para saber que 75%, 80% dos pacientes que passarem por ali podem estar infectados. Aquilo não tem nenhuma utilidade como instrumental de saúde pública”. “É só para que as pessoas olhem e falem: ‘Está medindo a temperatura’. E eficácia como instrumento é praticamente desprezível. A gente precisa ver eficácia de ações”, disse o ministro.

A Anvisa informou que até o momento “não há indicação de fazer nenhum tipo de controle de temperatura nos viajantes em aeroportos”. “Importante destacar que a atuação em portos e aeroportos é função exclusiva do ente federal, no caso a Anvisa. Dessa forma, esclarecemos aos representantes dos governos locais quanto à impossibilidade de atuação de órgãos estaduais e municipais nos portos e aeroportos”, alegou o órgão.

O consórcio Inframérica, que administra o aeroporto de Brasília, disse que, apesar de não ser uma determinação das autoridades de saúde, “fez parceria com os bombeiros e com o governo do Distrito Federal para iniciar a medição de temperatura dos passageiros que desembarcarem de voos internacionais no Aeroporto de Brasília”.

Guarulhos

Já a GRU Airport, concessionária responsável pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, disse à reportagem que “segue todas as recomendações da Anvisa e coopera com os órgãos federais e companhias aéreas, além de manter alertas sonoros, em três idiomas, e vídeo informativo em seus canais de comunicação para todos os passageiros e colaboradores”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Rafael Moraes Moura

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