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Incerteza reduz eficiência das medidas de estímulo à economia

(Foto: Shutterstock)

A vida dos profissionais de mercado é traçar cenários. Seja para empresas, seja para commodities, taxas de câmbio e de juros, ou ainda para a atividade econômica. E, para traçar cenários, é preciso ter informações. Por isso, a pior praga para o mercado é a incerteza. O desconhecido. Situações em que não há nada para se comparar. Por isso a extrema volatilidade provocada nos mercados com a propagação da epidemia do coronavírus.

O fato de que milhões de pessoas ao redor do mundo podem ter de ficar trancadas em suas casas por um período indeterminado é algo inédito. Não há registros históricos de fato semelhante. Assim, a incerteza é enorme. E, na incerteza, uns vendem sem motivo e outros compram sem fundamento. Ambos podem estar certos – ou errados. E a probabilidade de ambos perderem preciosas fatias de seu patrimônio é elevada, o que contribui para o empobrecimento geral.

Em circunstâncias “normais”, a promessa do governo de injetar R$ 147 bilhões na economia para conter a crise seria motivo para comemoração. Na segunda-feira (16), o Ministério da Economia anunciou várias medidas. O pagamento do abono salarial para os aposentados e beneficiários do INSS foi antecipado para junho, o que deve injetar R$ 12,8 bilhões na economia. Os valores não sacados do PIS/Pasep serão transferidos para o FGTS para permitir novos saques, o que representa mais R$ 21,5 bilhões na economia.

Além disso, o pagamento da segunda parcela do 13º salário dos aposentados foi antecipado de dezembro para maio, representando mais R$ 23 bilhões. Haverá ainda um reforço de R$ 3,1 bilhões ao Bolsa Família, permitindo a inclusão de mais de 1 milhão de pessoas. Só essas medidas representam 60,4 bilhões de reais que deverão, muito provavelmente, serem injetados diretamente nas veias do consumo.

Além disso, é bastante provável que o Banco Central (BC) corte a taxa referencial Selic em meio ponto percentual (ou mais) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa nesta terça-feira (17). Atualmente em 4,25% ao ano, a Selic pode encerrar 2020 a 3,50%, avaliam os profissionais do mercado segundo a edição mais recente da pesquisa Focus. Nada impede que esse corte de 0,75 ponto percentual seja feito de uma só vez.

Recursos injetados na economia e juros mais baixos seriam motivos suficientes para que as mesas de negociação dos bancos começassem o dia eufóricas. No entanto, mesmo medidas contracíclicas tão profundas podem ser inócuas. Na melhor das hipóteses, seu efeito benéfico sobre o mercado pode ser de curta duração. Muito investidores que estão amargando prejuízos podem aproveitar uma alta momentânea para vender com menos perdas, comprometendo a trajetória de valorização.

O comportamento dos mercados acionários internacionais mostra isso. Mesmo com algumas Bolsas da Ásia ensaiando recuperação após os tombos de segunda-feira, 16, os pregões na China e na Coreia do Sul fecharam em baixa na terça-feira (17). Em Xangai, o índice SSE Composite caiu 0,34% e fechou no menor patamar desde o início do ano, a 2.780 pontos. Em Seul, o índice Kospi caiu 2,47% e em Tóquio, o índice Nikkei fechou com uma leve alta de 0,06%.

Na Europa, os pregões começaram com uma recuperação nos preços após as fortes quedas da segunda-feira (16), mas não sustentaram o movimento. Na Alemanha, o índice Dax abriu com alta de 3,51%, mas cedeu terreno e, no início da manhã no Brasil, estava com uma valorização de apenas 0,1 por cento. Em Londres, o FTSE abriu com alta de 1,58%, mas agora mostra uma desvalorização de 1,83%.

INDICADORES

A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) referente à quadrissemana encerrada em 15 de março de 2020. A inflação subiu um pouco, para 0,04%, e ficou 0,05% acima da taxa divulgada na última apuração. A inflação subiu e seis das sete capitais pesquisadas. As maiores altas ocorreram no Rio de Janeiro, onde os preços da quadrissemana finda em 15 de março avançaram 0,17% ante os 0,08 do período anterior, e em São Paulo, onde a alta foi de 0,15% ante 0,09% nas quatro semanas anteriores.

Os contratos futuros de Ibovespa estão começando o dia com alta de 3,9% e o mercado futuro de S&P 500 avança 1,16%. Um movimento positivo, mas nada indica que ele será duradouro. As notícias são positivas, mas espere um dia de forte volatilidade.

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