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Bolsa fecha em queda de 13,92%, aos 71.168,05 pontos, neutralizando alta da sexta

Após ganho de 13,91% na sexta-feira, 13, no que foi o maior avanço diário desde 13 de outubro de 2008, o Ibovespa fechou a primeira sessão da semana em queda de 13,92%, aos 71.168,05 pontos, no dia em que o dólar à vista fechou pela primeira vez na marca de R$ 5, refletindo aposta redobrada para o Copom desta semana, de um corte de até 1 ponto porcentual na Selic, o que coloca pressão extra no câmbio.

Assim, nesta abertura de semana, o principal índice da B3 deu sequência ao padrão de acentuada volatilidade da semana anterior, quando o índice acumulou perda de 15,63%, o pior desempenho desde outubro de 2008. Ainda pela manhã, o circuit breaker foi acionado hoje pela quinta vez desde a última segunda-feira.

Na ponta negativa do Ibovespa, Azul cedeu 36,87%, CVC caiu 32,25%, Smiles perdeu 28,20% e Gol, 28,02%, refletindo a pressão a que o setor de viagens e turismo tem sido submetido desde o início da crise do coronavírus. Entre as blue chips, Petrobras PN caiu 15,00%, enquanto a ON cedeu 17,21%; Vale ON perdeu 9,00%. No mês, o Ibovespa cai 31,68% e, no ano, perde 38,46%. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro totalizou R$ 52,9 bilhões na sessão. Nenhum componente do Ibovespa encerrou o dia em alta. Na mínima, o índice foi hoje a 70.854,82 pontos, saindo de máxima a 82.564,88 pontos.

Perto do fechamento, a B3 alterou o limite de oscilação diária do futuro (IND) e do mini (WIN) de Ibovespa, com todas ações do índice à vista sendo colocadas em leilão quando cedia 13,08%, aos 71.859,88 pontos. O movimento acompanhou piora dos índices de ações de Nova York, com perdas na casa de 12% em Wall Street, durante entrevista coletiva do presidente dos EUA, Donald Trump, na qual admitiu a possibilidade de recessão no país e que considera medidas adicionais contra o coronavírus, como a possibilidade de adotar toque de recolher em algumas regiões.

Ao sabor de um noticiário inchado pelo coronavírus, a reação natural é de aversão a risco. “O ‘candle’ ficou longo, para cima e para baixo, de forma que, subindo muito e depois caindo muito, o índice fica relativamente de lado dentro de uma margem de variação alongada”, diz Renato Chain, estrategista da Arazul “A volatilidade está aí: como pode uma ação subir 19% na sexta e cair hoje 18% se os fundamentos são os mesmos? Isso reflete o grau de insegurança, tanto sobre os efeitos nas diferentes cadeias de negócio como também na reação que a sociedade brasileira dará (ao coronavírus)”, observa Maurício Pedrosa, gestor da Áfira Investimentos.

As iniciativas tomadas por governos e autoridades monetárias ao redor do mundo para tranquilizar os mercados parecem estar produzindo o efeito oposto, com os investidores reagindo com alarme a cada nova iniciativa sanitária, fechamento de países a estrangeiros – França, Rússia, Canadá, Chile e Argentina entraram no grupo dos isolacionistas -, injeção de liquidez ou atuação dos BCs sobre os custos de crédito.

“Quando o Fed corta os juros a zero no domingo, algo muito grave está acontecendo”, diz Chain. A iniciativa do BC americano no fim de semana, ao trazer a taxa de juros de referência dos EUA à faixa de zero a 0,25% ao ano, levou o mercado de renda fixa brasileiro a precificar um movimento mais ambicioso para o Copom desta quarta-feira – e mesmo a possibilidade de um corte extraordinário, antes da reunião.

O padrão anômalo que o coronavírus impôs às economias e aos mercados globais dificulta a tarefa dos investidores de mensurar efeitos sobre a atividade produtiva e os ativos. “Há indicação de que ratings poderão ser afetados, em função da situação de geração de caixa de certos setores, que prejudica o cumprimento de compromissos financeiros”, diz Pedrosa.

“Em meio à tamanha incerteza, o day trader, o operador de volatilidade, prevalece sobre quem olha fundamento, na formação imediata dos preços”. “Quando voltar a prevalecer de forma mais clara a distinção fundamental entre preço e valor, os setores menos expostos aos efeitos da epidemia tendem a ser os primeiros a se recuperar; mas, de forma geral, podemos esperar efeitos negativos entre dois e três trimestres”, acrescenta o gestor da Afira.

Por Luís Eduardo Leal

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