O IRB Brasil voltou a ser afetado ontem por uma crise de credibilidade: as ações do ressegurador fecharam em queda de 16%, com perda de mais R$ 2,8 bilhões em valor de mercado. Na semana, o valor da empresa encolheu em R$ 13,4 bilhões. Ontem, Pedro Guimarães, presidente interino do conselho do IRB e também presidente da Caixa Econômica Federal, participou de uma teleconferência com analistas de mercado – e reverteu apenas por horas a trajetória de queda das ações.
Segundo ele, o conselho vê com tranquilidade os balanços do IRB e foi descartada qualquer possibilidade de republicação. “Os números foram auditados por duas auditorias do ‘big four’ (as maiores do mundo)”, disse ele. “Nunca houve um questionamento, uma ressalva. Se fosse preciso, contrataríamos a terceira, quarta auditoria.”
Guimarães afirmou também que o guidance (projeções) do IRB não deve sofrer alterações, mas os números dos ressegurados, assim como as metas traçadas, ainda passarão pela análise de Werner Süffert, recém-nomeado como presidente interino e vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores. “É pouco provável que mude e, se mudar, é pouco. Mas em nome da transparência não queremos prometer nada. O nome do jogo é prometer e cumprir”, afirmou Guimarães.
O imbróglio em torno do ressegurador começou quando a gestora Squadra questionou os números dos balanços. A dúvida no mercado é se a direção do IRB, para alcançar resultados de curto prazo, tomava decisões contábeis que mexiam artificialmente nos números. Apesar de ser reconhecido por sua carreira no setor financeiro, o fato de Süffert já ter sido membro do conselho e renunciado recentemente ao cargo também não foi considerado favorável, já que ele conhece os números.
A perda de valor do IRB se agravou esta semana quando a cúpula da empresa comandou uma teleconferência com analistas de mercado, dizendo que o fundo americano Berkshire Hathaway tinha não só participação no ressegurador, como aumentado sua fatia. A informação foi desmentida pelo próprio fundo de Warren Buffett.
O presidente do IRB, José Carlos Cardoso, e o diretor financeiro, Fernando Passos, foram demitidos.
Por FERNANDA GUIMARÃES
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