A queda de 5,04% nos preços das carnes e de 6,68% nos preços das passagens aéreas fez a inflação de fevereiro desabar. O IBGE divulgou, na manhã desta quinta-feira (20), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de fevereiro, indicando uma inflação de 0,22%. Foi o menor percentual para o segundo mês do ano desde o início do Plano Real, em 1994. O resultado mostra desaceleração na inflação que, no ano, acumula alta de 0,93%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, três apresentaram queda de preços (deflação) em fevereiro: vestuário, com baixa de 0,83%, saúde e cuidados pessoais, com queda de 0,29% e alimentos e bebidas, com baixa de 0,10%.
Segundo o IBGE, a queda de 5,04% nos preços das carnes, após uma alta acumulada de 27,95% entre outubro e janeiro teve grande impacto no IPCA-15 de fevereiro. Roupas, perfumes e itens de higiene pessoal também pesaram menos no bolso.
Os consumidores esperam que a inflação permaneça bem-comportada. A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou dois indicadores de expectativas na manhã desta quinta-feira. Um deles foi das expectativas de inflação. Segundo a FGV, a expectativa de inflação dos consumidores brasileiros para os próximos 12 meses ficou estável em fevereiro em 5,0 %. Em relação a fevereiro de 2018 houve aumento de 0,1 ponto percentual.
O outro indicador divulgado pela (FGV) foi o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que recuou 2,6 pontos em fevereiro, para 87,8 pontos, o menor valor desde maio de 2019. Em médias móveis trimestrais, o índice caiu 0,6 ponto.
Segundo Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens da FGV, as perspectivas menos favoráveis dos consumidores de renda mais baixa estão relacionadas ao mercado de trabalho. “No caso dos consumidores de renda mais alta, as incertezas decorrem do aumento de incerteza econômica e da alta do câmbio, levando-os a postergar consumo”, diz ela.
Mercado externo
Os bancos centrais da China e dos Estados Unidos divulgaram comunicados sobre os juros. Na quinta-feira, o Banco do Povo da China, anunciou que reduziu a taxa básica de juros de um ano de 4,15% para 4,05%, e que baixou a taxa de cinco anos de 4,80% para 4,75%. A medida era esperada, já que a segunda maior economia do mundo enfrenta ameaças decorrentes do surto do coronavírus.
O corte nas taxas de juros de um ano e cinco anos seguiu o movimento do banco central na segunda-feira para reduzir a taxa de juros em sua linha de empréstimos de médio prazo de um ano – fundos que o PBOC empresta a instituições financeiras – de 3,25% para 3,15%.
Já nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o BC americano) divulgou, na noite da quarta-feira, sua ata da reunião de 28 e 29 de janeiro, que manteve os juros referenciais inalterados na faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano. Ao chegar a essa decisão, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Federal Open Market Committee, ou Fomc), organismo equivalente ao Copom brasileiro observaram que as perspectivas para a economia haviam ficado “mais fortes” desde a previsão anterior em dezembro. E as atas divulgadas hoje à tarde indicam que os juros deverão permanecer nesse patamar por bastante tempo.
Apesar de a inflação mais baixa indicar juros em queda, o que teoricamente é bom para as ações, a tônica geral do mercado é de desaceleração da economia. O mercado futuro de índice Bovespa está iniciando o dia em leve queda, e a sessão deve ser marcada por uma volatilidade acentuada.
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